Vale a pena assumir prejuízos em prol da Capital?

Nos últimos anos, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra viraram um grande canteiro de obras. Mas não estamos falando de intervenções das Prefeituras e sim dos governos estadual e federal. Primeiro, foi a Petrobras com o gasoduto, depois o governo estadual com dois trechos do Rodoanel e, mais recentemente, a Sabesp com a emergencial obra para ligar as bacias do Rio Grande e Taiaçupeba.

Todas delas, em maior ou menor escala trouxeram prejuízos à cidade, seja em ruas destruídas, mata virgem desmatada ou prejuízos aos recursos naturais, como é o caso da mais recente delas. Ambientalistas relatam casos de animais mortos. Munícipes, como pode ser visto na nossa matéria de capa, temem por suas propriedades (e suas vidas). Mas em meio a tudo isso, qual o ganho real para as cidades?

Nesta mesma edição, Luiz Carlos Grecco, um dos nomes mais importantes da política municipal, relata que Ribeirão Pires deveria reivindicar junto às instâncias superiores alguma compensação pelos prejuízos que vem sofrendo. Isso poderia viabilizar, por exemplo, o sonho do viaduto interligando o Centro Alto e o Centro Baixo. Em Rio Grande da Serra, há muito se discute como a cidade, que é grande fornecedora de água, o bem mais precioso para a vida humana, poderia ser compensada.

A rigor, são territórios cortados por obras que, de prático, nenhum benefício traz às cidades. Em um âmbito superior: pagamos para resolver problemas da Capital paulista, assumindo um prejuízo que não é nosso sem qualquer contrapartida.

Já que a situação é inevitável, um caminho é buscar o diálogo com o governo para tentar, de alguma forma, compensar essa situação. Um exemplo, que vale para Ribeirão Pires, seria destinar uma porcentagem maior dos impostos recolhidos pelo Rodoanel para a cidade, mesmo que fosse de forma indireta, por meio de obras bancadas pelo governo. Ou ainda garantir que a fauna e flora de Ribeirão e Rio Grande – quiçá os bens mais valiosos destes municípios – sejam preservadas.

O que não se pode é esperar o bonde da história passar. Pode ser tarde demais e, depois disso, só restará lamentar.

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