Universidade avalia poluição dos rios da região

A Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) desenvolveu metodologia para avaliar o quanto cada município contribui para elevar o nível de poluição dos rios que cortam a região. A primeira coleta do material para análise foi feita no dia 24 de outubro, no município sãocaetanense. A escolha da cidade para o início do trabalho chamado “Indicadores de Poluentes Hídricos – IPH – na Região do Grande ABC, uma contribuição as Políticas Públicas: Projeto Piloto São Caetano do Sul”, deu-se pelo fato de São Caetano possuir a menor área territorial do ABC, ter apenas 5 corpos de água que cortam o município e por – segundo o poder público – ter 100% do seu esgoto tratado.

Professora Marta (à esq.) irá acompanhar a coleta nos pontos estratégicos com uma equipe formada por aproximadamente 30 alunos

De acordo com a professora Marta Angela Marcondes, coordenadora do projeto, juntamente com mais duas docentes – Débora Gonçalves e Alexandra Evangelista Chiari -, ainda não é possível dar uma resposta sobre o que foi constatado nessa primeira análise, pois é necessário fazer mais três coletas para estabelecer um paralelo e poder dar os primeiros resultados. “Mas de qualquer maneira já foi interessante, pois a medida que fazíamos a coleta as pessoas já se interessavam em ter mais notícias. Fizemos uma série de fotos para montar o nosso banco de dados e já temos alguns dados que serão disponibilizados a partir do mês de dezembro. A conclusão da primeira etapa se dará em aproximadamente 8 a 10 meses”, conta.

A coleta é feita por uma equipe de aproximadamente 30 alunos pertencentes aos cursos de Gestão Ambiental e Farmácia/Escola da Saúde. A partir das referências do material coletado, a Universidade passará a divulgar o IPH (Índice de Poluentes Hídricos).

O diferencial do Índice em relação aos indicadores de contaminação que hoje existem é que a metodologia criada vai apontar exatamente como e quanto cada município está colaborando para a poluição de seus rios. “Na realidade é uma metodologia que engloba várias outras, unimos algumas metodologias de análise de qualidade de água para estabelecer a nossa. São aproximadamente 20 parâmetros que serão analisados (microbiológicos, físico-químicos, questão de relevo, uso e ocupação do solo, condições climáticas, entre outros) para assim estabelecer um modelo estatístico que nos dê condições de avaliar o quanto o município contribui em termos de poluentes para os corpos de água”, explica Marta.

A ideia de fazer essa ação surgiu  a partir do ‘Projeto Pró-Tietê/Rede das Águas – Observando os Rios’, da Fundação SOS Mata Atlântica, que em 2003 montou vários grupos de monitoramento para realizar análises periódicas em diversos pontos da Bacia do Tietê. “Nós aqui na Universidade somos um destes grupos e monitoramos a Foz do Rio dos Meninos, em São Caetano do Sul. A partir daí, surgiu a ideia de realizar uma análise mais crítica e verificar o quanto o município contribui para a carga de poluentes deste rio”, conta a professora.
Iniciado o projeto, agora a equipe está realizando a estruturação do banco de dados, estabelecendo o modelo estatístico e aguardando os resultados preliminares das primeiras análises, além de estabelecer os projetos de cada integrante do grupo de pesquisa.

A partir das referências do material coletado, a Universidade passará a divulgar o Índice de Poluentes Hídricos

Marta fala que assim que a metodologia estiver afinada, a ação será estendida para outras cidades. “Como, por exemplo, Diadema, que demonstrou interesse em receber o nosso projeto. Indiretamente já estaremos trabalhando com Santo André e São Bernardo do Campo”, fala ela, que completa: “Nossa metodologia pode ser aplicada em qualquer outro município e para isso é preciso haver uma parceria com o poder público. A intenção deste projeto é oferecer uma ferramenta para verificar se as ações feitas na região têm efetividade e direcionar essas ações”.

Para a coordenadora, as prefeituras dos municípios do Grande ABC, de maneira geral, têm uma preocupação com as questões de saneamento, mas faz uma ressalva. “Infelizmente a rapidez com que as ocupações ocorrem e a quantidade de novos empreendimentos em todos os municípios dificulta um plano que seja efetivo, pois ele deve ser refeito continuamente. Acredito que a principal ação seria um planejamento mais efetivo e as obras necessárias de engenharia para construção dos Coletores-Tronco para o esgoto das cidades, além de mais ações de educação ambiental para as discussões sobre as questões de saneamento, bem como os processos de fiscalização”, conclui.

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