Tomando partido, sim, agindo como um, não

Na semana passada, o deputado federal e candidato à reeleição, Miro Teixeira (PDT-RJ), disse em uma entrevista que “de forma geral, governos não gostam de notícia. Gostam de propaganda. Políticos também”. Realmente é o que demonstra nossos representantes. Quando as coisas estão ‘de vento em popa’, ótimo. Quando não, continua tudo certo, mas, na visão deles, há um complô que diz o contrário.

Os jornais denunciam fatos com base em depoimentos e documentos, porém, para os políticos, tudo não passa de história.

Diante de escândalos que comprometem a candidata à sua sucessão, Dilma Rousseff (PT), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em meio a tantos envolvidos, resolve decretar somente um culpado: a imprensa, que, segundo ele, possui alguns veículos que se comportam como partidos políticos. Ele disse ainda que “tem dias em que alguns setores da imprensa são uma vergonha…”. Vergonha é a população brasileira descobrir dia após o dia – justamente pela imprensa -, casos e mais casos de corrupção. O discurso ideal de um presidente em um momento como esse seria aquele que pedisse uma profunda investigação dos fatos para punir os verdadeiros culpados. Ideal mesmo seria se isso nem fosse preciso, se não houvesse escândalos.

A imprensa não está agindo como partido político, mas sim, tomando partido ao exercer a função que o Estado deveria exercer: investigar e combater a corrupção.

Os meios de comunicação não deveriam ser vistos como inimigos, pelo contrário, deveriam ser vistos como grandes aliados, pois têm como objetivo o mesmo pregado pelos políticos: ajudar a construir uma sociedade melhor, só que, diferentemente deles, ela executa esse papel.

Comentando a comparação do presidente Lula com o ditador italiano Benito Mussolini, feita por juristas que marcaram sua trajetória na luta pela preservação dos valores fundamentais e que lançaram o Manifesto em Defesa da Democracia, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, rebateu a crítica, dizendo: “Nós sempre defendemos a democracia”. Não é bem isso que está parecendo, pois para a democracia ser plena, ela deve estar de mãos dadas com a transparência e não com a omissão.

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