“Teleférico será um marco para a cidade de Ribeirão Pires”, diz especialista

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Ilustração mostra o complexo do qual o teleférico faz parte

Presente em muitas cidades do planeta, seja como opção turística ou de transporte, o Teleférico tem sido visto como um diferencial. Ribeirão Pires, em breve, também terá o seu, em projeto que está sendo tocado pela Prefeitura ao custo de R$ 25 milhões – verba advinda do Ministério do Turismo – e parte de um empreendimento maior, o Projeto Cidade Encantada, que consiste também em um Museu de Arte Sacra, instalado no Mirante Santo Antônio e da remodelação do antigo Camping Municipal, o Parque Milton Marinho de Moraes, que terá, entre outras atrações, um Museu do Carro – que resgatará a tradição automotiva da região – e uma fábrica de chocolate. A função do teleférico, com 2,2 km de extensão, é interligar o Complexo Ayrton Senna às outras atrações.

Mas, quais os benefícios para a cidade? A redação do Jornal Mais Notícias falou com Evódio João de Souza, um dos maiores especialistas em teleféricos no país e diretor do Unipraias, parque temático localizado em Balneário Camboriú (SC) que tem, dentre suas principais atrações, o teleférico.

Mais Notícias – Quais os principais benefícios que a obra poderá trazer para Ribeirão Pires?

Evódio João de Souza – O turismo tem grande importância na economia mundial, pois a chegada dos turistas aumenta o consumo, a produção de bens e serviços e, principalmente, a necessidade da criação de novos empregos. A cidade de Ribeirão Pires é contemplada como Estância Turística do Estado de São Paulo e, como tal, necessita criar atrações turísticas, sejam elas parques, festas, eventos, ou equipamentos visando o fomento e incremento da atividade turística. Com certeza, um produto como o teleférico, com a tecnologia e qualidade suíça, contribuirá muito com o fomento de sua vocação turística.

MN – Qual a importância do Teleférico para o fomento do turismo?

EJS – Acredito que o teleférico será um marco para a cidade de Ribeirão Pires no sentido do desenvolvimento do turismo. Citamos como exemplos as cidades que tiveram este catalisador das ações de turismo com a implantação de teleférico como: Balneário Camboriú (SC), Aparecida (SP), Canela (RS) e vale destacar o centenário teleférico do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro.

MN – É possível fazer outros usos para o equipamento, como o transporte público urbano, como está sendo feito na Colômbia, por exemplo?

O especialista Evódio João de Souza

O especialista Evódio João de Souza

EJS – É perfeitamente possível usar o teleférico para transporte público. Seu uso é indicado principalmente em áreas de difícil acesso em que a construção de estradas demandaria um custo muito alto de infraestrutura e agressão ao meio ambiente. Veja que em um teleférico o impacto ambiental e construtivo se resume nas estações e bases para as torres. Normalmente, onde se constrói as estações as áreas já são impactadas e de fácil acesso e ao longo da linha somente são construídas bases com baixo impacto e custo reduzido. Conhecemos o sistema de Medellín na Colômbia. Lá a função do teleférico é somente o transporte de passageiros interligando os morros ao metrô de superfície, semelhante ao do Complexo do Alemão (RJ). No caso de Ribeirão Pires, o teleférico irá valorizar as atrações turísticas existentes contempladas nos locais onde serão instaladas as três estações.

MN – Em quanto tempo a cidade poderá ter o retorno do investimento?

EJS – Vai depender muito da competência e capacidade de divulgação do administrador do teleférico para atrair o turista. Penso que a cidade de Ribeirão Pires tem o privilégio de estar localizada muito próximo de São Paulo e Grande São Paulo. Isso por si só torna fácil a divulgação pois a abrangência principal está no entorno da cidade. A região em que Ribeirão Pires está inserida carece de atrações turísticas para lazer e diversão da população. Isto posto, penso que o retorno deverá ficar entre cinco e oito anos.

MN – Em outras cidades, qual foi o ganho obtido após a instalação?

EJS – Posso falar por Balneário Camboriú onde trabalho há 18 anos pois os de Canela e Aparecida ainda são recentes. Podemos dizer que o teleférico de Balneário Camboriú foi um marco, fazendo com que tudo gire entre antes e depois do teleférico. Por isso acredito que o empreendimento de Ribeirão Pires será um marco. Vale ressaltar que não se trata simplesmente de um teleférico, mas contempla todas as estações, uma no Centro onde já se tem atividades turísticas, uma no Morro Santo Antônio, outra atração turística e, por fim, a terceira, em um parque. Este detalhe é muito importante para o sucesso do empreendimento.

MN – Quantos empregos podem ser gerados com a operação do equipamento?

EJS – Somente o teleférico deverá, em um primeiro momento, criar em torno de 45 funcionários diretos e três vezes mais indiretos. Vale lembrar que não participamos do desenvolvimento de todo o projeto. Penso que deverá contemplar lojas, bares e outras atrações que com certeza criarão mais empregos e serviços.

MN – Qual a durabilidade do equipamento?

EJS – Um equipamento desta qualidade e envergadura, seguido as manutenções preventivas determinadas pelo fabricante, poderá durar acima de 40 anos. Como exemplo citamos o teleférico do Beto Carrero World, que já tem mais de 40 anos uma vez que, Antes de ser instalado no Parque em Penha (SC), já estava em operação por mais de 20 anos na Argentina.

MN – O que a população de Ribeirão Pires pode esperar do Teleférico quando pronto?

EJS – O equipamento é mais do que um simples teleférico e irá valorizar ainda mais as atrações já existentes na cidade, criando um marco no incremento e no desenvolvimento turístico da cidade. Mais uma vez, destaco que no caso de Ribeirão Pires, o projeto foi muito feliz.

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