SUS, um sistema que sangra

Destaque: Será que tamanha burocracia não é uma forma de sangrar os combalidos cofres públicos com uma consulta extra sem necessidade?

Para muitos é a única opção; para outros, apenas uma das opções. Independente do caso, usar o Sistema Único de Saúde é uma mistura de “emoções” para quem dele precisa. A culpa está na velha inimiga da população, a burocracia.

Para alguém que não está habituado ao sistema, o caminho para se consultar com um otorrinolaringologista ou com um ortopedista, que são considerados “médicos de especialidades” é longo e cansativo. Começa pela obrigatoriedade de se dirigir a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e se consultar com um Clínico Geral que irá analisar a necessidade de se encaminhar ou não a pessoa para o médico que pode cuidar melhor de seu problema. Caso ele dê o crivo, lhe dará um encaminhamento para aí sim liberar o agendamento que, no caso da nossa região, vai para uma Central de Vagas que entrará em contato para comunicar um dia (a escolha do “sistema”, não da disponibilidade da pessoa) para que seja feita a consulta.

Como entre o diagnóstico final e o inicial o tempo é longo, não raro a situação se agrava. Tempos atrás, em Ribeirão Pires, um senhor de certa idade chegou a UBS Central em busca de um oftalmologista para examinar seu olho que apresentava nítido (até demais) sinal de Catarata. Informado sobre o procedimento (que é o mesmo até hoje), ele ficou inconformado, ainda mais quando soube que só passaria no clínico geral que, segundo a cartilha “Entendendo o SUS” é a “porta de entrada do sistema” dali a um mês. Ora, se o problema é evitar que os “especialistas” sejam acionados indevidamente, não seria mais viável que, na ato da marcação da consulta fosse feita uma espécie de triagem para detectar a necessidade do paciente? Será que tamanha burocracia não é uma forma de sangrar os combalidos cofres públicos com uma consulta extra sem necessidade?

Tudo isso faz com que o sistema se torne moroso e as filas para atendimento aumentem. Um Clínico Geral, extra-oficialmente, informou que virou um “emissor de guias”, ou seja, fica ocupado com uma função que não deveria ser a dele. Desta forma, muitas pessoas ficam a mercê de um sistema que precisa, urgentemente, ter seus métodos revistos. Agilizando as consultas, seria possível otimizar os gastos e até mesmo reajustar a Tabela SUS, que indica os valores a serem pagos pelos procedimentos, tão questionada especialmente pelas Santas Casas.

Saúde custa caro, mas é um bem fundamental. Se o sistema for usado corretamente, poderá funcionar bem para todos, independente de classe social. Uma reforma na filosofia deve ser feita urgentemente sob pena de se falir de vez um sistema que, guardadas as devidas proporções, funciona a contento.

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