Sobra blá, blá, blá, falta conteúdo

Os primeiros debates realizados – um para os candidatos à Presidência da República, outro aos pleiteantes ao Governo do Estado -, mostraram o que já era de se esperar e o que já estamos cansados de ver: muitas alfinetadas, o velho discurso “meu governo fez e o seu deixou de fazer” e poucas propostas.

No debate dos presidenciáveis, o candidato do PSOL, Plínio de Arruda Sampaio, roubou a cena dos favoritos nas pesquisas, com falas irônicas e provocativas, não poupando ninguém. Acusou Marina Silva (PV) de manter o discurso petista e chamou José Serra (PSDB) de “hipocondríaco”, por só saber falar de saúde. Quanto a Dilma Rousseff (PT), Plínio a acusou de maquiar números ao falar de reforma agrária. “Quem fez o programa da reforma agrária do Lula fui eu. (Vocês) Fizeram menos que o Fernando Henrique”.

Já o encontro entre os postulantes ao cargo de governador de São Paulo, realizado na última quinta-feira (12), foi marcado pela ironia, e até a cor das gravatas virou assunto para ser discutido. “Há uma aliança entre o PT e o malufismo. Até as gravatas são iguais”, disse o ex-governador e candidato pelo PSDB, Geraldo Alckmin, para os adversários Aloizio Mercadante (PT) e Celso Russomanno (PP).

Em sua réplica ao candidato tucano, Mercadante disse ser notório o “sentimento de solidão do PSDB, que ninguém aguenta mais o governo deles”.

Entra eleição e sai eleição, a coisa não muda: embate ao invés de debate, piadinhas, sobra blá blá blá e falta conteúdo. Ninguém está interessado no significado da cor das gravatas desse ou daquele, nem quem é hipocondríaco ou não, e se o tempo de poder de determinado partido já passou da hora de acabar. O que os eleitores querem é ouvir ideias cabíveis de serem executadas naqueles setores onde a população sofre dia após dia e que são velhos conhecidos: Saúde, Educação e Segurança. Não é com ironia e ataques que o eleitor decide quem é melhor para governar o Estado ou o País por quatro anos, mas sim com exposição de boas medidas e possíveis soluções para tantos problemas.

Será que o eleitorado vai poder tirar alguma coisa de útil dos próximos debates ou vai ter que escolher seu candidato pelo quesito “mais engraçado”, “mais agressivo”, ou “mais simpático”, quando o único item de escolha deveria ser o mais preparado?

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