Quando existe má gestão, quem paga é a população

Fim de mandato é uma fase temerária, especialmente se o vencedor é de uma chapa de oposição. Nos quase três meses entre o pleito e a posse, muita coisa acontece e quem acaba pagando, como não poderia deixar de ser, sempre é a população.

Esse ano, por exemplo, tivemos contas bloqueadas, problemas para cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, multas do TCE, não pagamento de fornecedores e servidores e sucateamento de equipamentos públicos, em especial da Saúde. Para se ter uma ideia, nem a porta da sala de cirurgia do hospital sobreviveu ao furacão do final de mandato, bem como a sala de assepsia dos cirurgiões. Outra preocupação também se dá com a sala de vacinas, que perdeu mais de 3.000 doses por conta da falta de pagamento das contas de luz. Triste dizer também que até o transporte escolar está com problemas, há postos de saúde desativados e até a manutenção da cidade carece de equipamentos.

Tamanha calamidade se deve única e exclusivamente a falta de responsabilidade por parte da gestão anterior, que não soube conter gastos e tampouco soube como gerir a alta folha de pagamentos que, mesmo estourando o limite de gastos não foram, como já citamos, pagos em dia.

Esses fatos ratificam a impressão de que falta gestão empresarial nas prefeituras do Brasil. Velhos fisiologismos, maus hábitos que há muito deveriam ter sido extintos, mas seguem sobrevivendo, especialmente entre políticos mais veteranos habituado ao velho status quo, em que tudo se fazia e nada se punia. Esse, aliás, deve ter sido um dos motivos da intensa renovação das últimas edições, ainda que alguns dos novos políticos, como Leandro Scornacca, o Leandro do KLB, recém empossado deputado estadual como quinto suplente, alegue nunca ter lido um livro sequer na vida…

Voltando ao assunto deste editorial, a cidade de João Alfredo (PE), onde todos os fatos citados aconteceram, agora tenta recolher os cacos e pagar uma enorme dívida deixada pelo prefeito, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Severino Cavalcanti, um dos “restos da ditadura” que viu sua carreira parlamentar chegar ao fim com uma renúncia após acusações de nepotismo e de participação em um “mensalinho”, tendo cobrado propina para que o dono do restaurante do parlamento não tivesse sua concessão cassada. Ficha Suja até 2015, este fato deve marcar de uma vez por todas, também de forma vergonhosa, o fim sua carreira política, já que tem 82 anos e alguns problemas de saúde.

O (mau) exemplo de Severino se aplica a toda e qualquer gestão pública e em todo e qualquer lugar do país. Afinal, quando existe má gestão, quem paga é a população.

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