Qual o peso das igrejas nas eleições?

Uma discussão antiga em época de eleições é a respeito do peso das igrejas e seus fieis nas eleições. Remontando aos séculos passados, quando a Igreja Católica tinha poder de governo em muitos países, cobrando impostos e até mesmo impondo penas, há muitos candidatos que se apresentam como representantes destas entidades – ainda que, não raro, o “apoio” na verdade tenha o fim único e exclusivo de amealhar preciosos votos.

Obviamente, a fé por si só não deve ser base para definir se fulano ou sicrano é um bom candidato ou não e, felizmente, a maior parte das pessoas está ciente disso. Fatos como o ocorrido com John F. Kennedy que teve que declarar não obedecer ao clero católico enquanto presidente dos Estados Unidos ou de Fernando Henrique Cardoso, que perdeu votos em sua candidatura a prefeito de São Paulo, em 1985, por declarar ser ateu, dificilmente se repetirão.

Ainda assim, alguns candidatos apostam que a indicação do líder (seja ele pastor, padre, pai de santo ou o nome aplicável) seja o suficiente para garantir votos. Exatamente por isso, nos próximos meses, teremos uma verdadeira “corrida ao culto”, com candidatos de todas as linhagens marcando presença em igrejas de maior ou menor porte para se mostrar próximos. Afinal de contas, cerca de 22% do eleitorado não é algo que se jogue fora – ainda que, já esteja provado (como é dito no livro “Religião e Política, sim. Igreja e Estado, não”, de Paul Freston) que para ganhar uma eleição majoritária é preciso mais do que os votos dos evangélicos.

Exatamente por isso, apenas se mostrar amigo dos religiosos não basta. É preciso mostrar propostas, soluções para os problemas da cidade e a administração de recursos públicos com eficácia. Mostrar que, de fato, há sim competência para gerir a cidade. Até porque, diferente do estado laico francês, por exemplo, o nosso promove a liberdade religiosa inclusive em espaços públicos e o mandatário deve gerir a cidade para todos os munícipes.

Nesta edição, mostramos um exemplo recente de uma ação política nesse sentido. Interlocutores próximos ao prefeito disseram que há uma ação em curso para tentar “virar o jogo” das eleições tentando garantir apoio maciço junto às igrejas. Como já foi exposto, não basta apenas se mostrar amigo dos religiosos para ganhar os votos. Muito pelo contrário, não há acéfalos nas igrejas e, portanto, isso não servirá para fazer esquecer falhas e insatisfações da população em relação ao governo.

Portanto, eleitor, muito cuidado com aquele candidato que, de repente, aparecer em sua igreja. Ele pode estar querendo apenas seu voto e nada mais.

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