Propostas em segundo plano

A impressão que temos quando assistimos ao horário eleitoral gratuito é de estar vendo qualquer outra coisa, menos propaganda política. Tem horas que parece um programa humorístico. Candidata imitando candidato já falecido, nomes bizarros, mulheres exibindo o corpo e quando você acha que já viu tudo, tem sempre alguém que consegue se superar, como é o caso de Tiririca, que não satisfeito em aparecer sozinho, agora expõe ao seu lado mais duas pessoas fantasiadas como ele.

Em outros momentos, temos a sensação de estar vendo um daqueles programas que passam no período da tarde, no melhor estilo Márcia Goldschmidt ou Ratinho. Troca de farpas, acusações, só falta o dedo na cara e puxão de cabelo. O debate também está seguindo na mesma linha. No último domingo (12), foi um festival de ataque entre os principais candidatos à Presidência da República, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), com um motivo a mais para esquentar a disputa: o vazamento de dados fiscais de pessoas ligadas ao PSDB. “Quando os partidos se prestam a um vale-tudo, a ideologia e a ética vão para o buraco. O problema disso é que desvia o debate. Estamos debatendo quem fez o dossiê e quem não fez, mas deveríamos estar debatendo educação e saúde”, disse o candidato do PSOL à Presidência, Plínio de Arruda Sampaio. Plínio está certo. O prazo para o eleitor decidir o futuro dos próximos quatro anos está acabando e cadê as propostas? O problema envolvendo a Receita Federal é grave, mas deixe que a Justiça cuide do caso. Cada um no seu quadrado: a Justiça investiga e pune, o candidato traça metas, expõe projetos e mostra trabalho aos seus futuros “patrões”. Mas infelizmente, as propostas ficam em segundo plano. Para não ser alvo de um “bombardeio”, tem candidato que prefere não participar do debate, não quer ouvir tampouco falar. É o caso de Netinho de Paula, que concorre a uma vaga ao Senado pelo PCdoB paulista. “Eu indo tem bombardeio, eu não indo, tem bombardeio todo dia. A postura que os adversários têm adotado na imprensa, na televisão, perante a mim, já mostra o desrespeito que seria. Aí, a minha assessoria achou por bem que era melhor não participar”, disse ele para justificar a ausência no debate promovido na terça-feira (14), pela TV Gazeta e jornal O Estado de São Paulo. Desrespeito com o candidato não pode, com o eleitor sim.

Se agora, momento ideal para a apresentação de ideias, os candidatos estão voltando suas atenções aos problemas pessoais, imagine o que nos espera quando esses, enfim, conquistarem o poder.

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