Pior do que está, com certeza fica

A cada semana, temos uma “bomba” no país e, infelizmente, todas elas têm sido negativas de uns tempos para cá. A mais nova é o recorde de desvalorização do Real, nossa moda que completou 21 anos de lançamento em 2015. Nunca antes na história deste país (para usar uma frase conhecida) ela esteve tão em baixa em relação ao Dólar como na última quarta-feira, quando a cotação bateu os R$ 4,13.

Houve quem fizesse piada e dissesse que nada tem a ver com isso mas, a rigor, representa a volta “triunfal” da inflação ao nosso dia-a-dia, ainda que em patamar inferior aos estratosféricos anos 80. Como parte integrante de um mundo globalizado, nossa economia também é dolarizada. Seja em um simples fertilizante ou em uma complexa máquina industrial, os importados estão onipresentes. Isso para não falar do sem número de empresas que têm empréstimos realizados na moeda estadunidense.

O real fraco significa aumento de custo e isso se refletirá em nosso dia a dia, já que a alta se refletirá principalmente em alimentos mais caros. Há de se destacar que, em 23 de setembro de 2014, a moeda estava cotada a R$ 2,69. Ou seja: em um ano, ela subiu mais de 60%, mais do que qualquer investimento ou reajuste de salário.

Isso, aliado ao tarifaço, a criação de novos impostos, o desemprego e o arroxo salarial faz com que o brasileiro entre em uma espiral crítica. Obviamente não podemos apontar todos os culpados pela crise – pois eles não caberiam neste espaço – mas iremos aqui apontar dois deles: Guido Mantega e Joaquim Levy. Os cabeças da economia brasileira, cada um em seu momento, não souberam conduzir a situação – que já dava sinais de crise – da forma adequada.

Considerando que qualquer pessoa minimamente letrada sabe o quão necessária é uma revisão de planos, surpreendeu negativamente a indolência de Mantega ao final da primeira década de governo petista. Chegamos em 2013 com estratégias e políticas similares as de 2003. Não era difícil prever o estouro das bolhas imobiliária e de crédito que se formaram no país, contudo nada foi feito. Levy, por sua vez, fracassou de forma retumbante ao tentar trazer uma visão do mercado bancário para o governo e, sem conseguir fazer política (ou a economia para a qual foi contratado), fez de sua gestão um verdadeiro fiasco.

No próprio mercado, se suas ações tivessem feito os ativos de uma empresa se desvalorizarem desta forma (considerando a queda no grau de investimento e também a do dólar), Levy já teria sido sumariamente demitido. Vale ressaltar que ele pegou um país com “nome limpo” e valorizado e tem agora outro, com nome sujo e com valor de mercado cada vez menor.

O governo, por sua vez, também não colabora, já que não faz sua lição de casa. Ora, de que adianta espremer o combalido bolso da população sem que haja uma contrapartida? Não se concebe aumentar os tributos (que já são altíssimos e com retorno baixo) sem que sejam feitos cortes em cargos comissionados, por exemplo. O número oficial é de 22 mil contratados em livre nomeação (sem concurso), mas esse número pode passar de 100 mil se contados os contratados em estatais.

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