Peças históricas são retiradas da Casa Mansuetto, antes da demolição

Na manhã de ontem (25), homens trabalhavam na retirada de painéis de azulejos da antiga Pizzaria Mansuetto, imóvel da década de 50, localizado no centro de Ribeirão Pires e que será demolido para dar lugar a um prédio comercial. As peças, juntamente com o brasão da família que construiu a casa (família Cecchi), esculpido em mármore italiano e algumas luminárias de jardim foram doadas pelo atual proprietário do imóvel ao Instituto do Patrimônio do ABC, por serem consideradas de interesse histórico, e serão restauradas pelo restaurador Luis Martin Sarasá. “Creio que em dois meses restauramos as peças”, disse ele. Assim que a Prefeitura dispuser de um local para montar o Museu Municipal, conforme conversado com os membros do Instituto, os objetos serão expostos no espaço.

Pedreiros trabalham na retirada dos painéis de azulejos

A Casa Mansuetto deve ser demolida em breve. O historiador e tesoureiro do Instituto do Patrimônio do ABC, Arnaldo Boaventura Neto, lamenta a demolição. “Aqui seria ótimo para montar o Museu Municipal. Tem um salão grande que dava para fazer a sala de exposições, as salas menores poderiam ser a parte administrativa, mas a Prefeitura não teve interesse em comprar. A casa tem um desenho arquitetônico muito bonito, mas a importância dela é a questão cultural, pois pertenceu a um cidadão bastante influente”, falou.

Histórico – O comendador Mansuetto Cecchi era italiano e chegou a Ribeirão Pires durante a Segunda Guerra Mundial. À época, italianos, japoneses e alemães sofriam repressão no Brasil. Em Itanhaém, Mansuetto lidava com lenha e produção de adubos. Sua mulher, Albertina, era prefeita da cidade. Muito visado, resolveu refugiar-se em Ribeirão Pires.
No município, a família loteia a Vila Albertina e constrói um casarão. Antonio Gonçalves Damásio executou todo o revestimento em pedra do imóvel e os mourões que cercam a residência.
Outras obras foram realizadas por Mansuetto em Ribeirão Pires, como o Edifício 4º Centenário, inaugurado em 10 de julho de 1955 com 36 apartamentos e 16 lojas, construído em 11 meses e 10 dias.
Em sociedade com José Maria de Almeida, Mansuetto Cecchi construiu dois conjuntos de sobrados residenciais em Santo André, que levam o seu nome.
O comendador candidatou-se a prefeito de Ribeirão Pires em 1958. Perdeu por poucos votos de Francisco Arnoni, o segundo prefeito local.

Mansuetto faleceu na década de 1970, na Itália, e não deixou filhos.

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