Obra sustentável também faz bem para o bolso

Muito se ouve falar, inclusive neste jornal, que determinada obra está em desacordo com as leis ambientais, ou seja, está agredindo o meio ambiente. O que muita gente não sabe, é como fazer uma obra sustentável. As dicas e regras são muitas, além de ser benéfica ecologicamente, o melhor é que este tipo de obra também trás benefícios para o seu bolso.

Obra precisa de cuidados especiais para não agredir o meio ambiente

Em pesquisa realizada pelo Departamento de Engenharia de Construção, da Escola Politécnica da USP, constatou-se que, com relação às perdas físicas (diferença entre a quantidade de material previsto em orçamento e de fato usado na obra), foram verificadas perdas medianas de 56% de cimento, 44% de areia, 30% de gesso, 27% de condutores e 15% de tubos de PVC e Eletrodutos.

De acordo com Patrícia Gracindo, Engenheira Civil da PGE Projetos e Engenharia Ambiental, o planejamento da construção é o primeiro passo para quem se preocupa em tornar sua obra mais sustentável e econômica. Este planejamento vai desde seguir rigorosamente as instruções do responsável técnico pelo projeto até a escolha de produtos de melhor qualidade, e comprados em quantidade certa, evitando assim o desperdício.

A disposição, manuseio e descarte de materiais é outro ponto importante para quem pretende minimizar o impacto local. Patrícia explica que a disposição do canteiro é a principal causa de desperdício na obra: blocos estocados inadequadamente estão sujeitos a serem quebrados mais facilmente; o concreto (transportado por equipamentos e trajetos inadequados) pode cair pelo caminho; a não obediência ao traço correto da argamassa pode implicar sobre consumos na dosagem dela (processamento intermediário); o processo tradicional de aplicação de gesso pode gerar uma grande quantidade de material endurecido não utilizado.

O trabalho em dobro gerado por mão-de-obra desqualificada aumenta (e muito) o valor orçado da obra e a geração de um resíduo não previsto. “A falta de padronização em algumas atividades ou projetos pouco detalhados são os grandes vilões neste quesito. Para tanto, o acompanhamento pelo financiador da obra deve ser diário e rigoroso”, argumenta a engenheira.

Dicas

Para quem quer ter a obra mais verde, Patrícia afirma que é importante seguir uma listinha de dicas. São elas: sempre faça um projeto da obra (ele facilita o orçamento e evita o desperdício de materiais), a efetivação de uma pequena equipe de planejamento e administração de materiais permite reduzir o desperdício, que chega a representar um custo adicional de 12% do valor da obra.

Faça uma lista de materiais e uma programação das compras necessárias para toda a obra. Utilize sempre a ajuda de um engenheiro ou arquiteto.

Ao começar a obra, não faça as compras de material todas de uma vez, pois a grande quantidade pode levar ao desperdício.

O canteiro deve estar bem organizado e limpo, cuidado ao guardar o material e evite mudanças. O espaço do canteiro deve ser definitivo. Os corredores de passagem bem estabelecidos. Deslocamento de material gera desperdício.

Quanto aos materiais de construção, os tijolos e telhas, devem ser guardados em pilhas para evitar quebras; os sacos de cimento e argamassas, armazenados longe da umidade; e material mais delicado deve ser transportado em carrinhos de mão.

A engenheira explica que na preparação do concreto, deve-se calcular bem a quantidade necessária para uso. As sobras não podem ser guardadas, a mistura endurece.

As chapas de madeira adotadas na confecção de fôrmas para estruturas de concreto, principalmente lajes, normalmente apresentam rápido desgaste e baixo índice de reutilização. “Isso se deve aos danos causados durante as etapas de montagem, desmontagem e transporte. A proteção das bordas e o razoável enrijecimento, obtido com o uso de requadro com perfis metálicos seção “U”, tem contribuído bastante para aumentar o número de reutilizações das chapas”, afirma Patrícia.

Calcule bem a espessura das vigas de acordo com as de alvenaria, evite que posteriormente sejam preenchidas com argamassa.  Para manuseio do aço na obra é necessário adotar rotinas relacionadas ao recebimento no canteiro, passando pelo corte planejado, a montagem e o controle das respectivas aparas geradas. A criação de uma central de montagem tem sido valiosa para reduzir os custos e melhorar o padrão de qualidade. “A argamassa para revestimento é um dos mais frequentes fatores de desperdício nas obras, desde as péssimas condições de estocagem e de preparação, até a aplicação”, finaliza a profissional.

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