O que significa matar um jornalista

Na última semana a imprensa mundial noticiou a morte de mais um jornalista norte-americano por jihadistas. E a pergunta é lançada: o que representa assassinar um profissional responsável de reportar à sociedade um fato?

A opinião pública depende do trabalho jornalístico para ser embasada e formada a partir do trabalho do jornalista. Logo, ao censurar, ameaçar, violentar e/ou até mesmo assassinar este profissional significa ocultar fatos, vendar e ensurdecer a sociedade. É ferir os Direitos Humanos, não só do ser vivo que exerce a função jornalística, mas da nação que ele reporta.

No mundo, já foram mortos cerca de 30 jornalistas, entre eles no Afeganistão (3), Síria (2), México (2), Arábia Saudita (1), Camboja (1), Colômbia (1), Egito (1), Líbano (1), República Democrática do Congo (1) e Ucrânia (1).

O Brasil também tem seus “jihadistas”. De acordo com “Relatório de Liberdade de Imprensa 2013/2014” da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), 7 jornalistas foram assassinados e 32 agredidos (observe que no Brasil há mais jornalistas mortos do que nos outros países no quais existem conflitos de maior proporção; vivemos em um estado de guerra?) , além de outras 63 violações contra a liberdade de imprensa, consequentemente contra a liberdade de expressão e o acesso à informação. Geralmente o jornalista é morto durante alguma investigação de corrupção, tráfico de drogas ou pessoas e desvio de dinheiro.

Não vamos comparar importâncias dos fatos de cada morte. Entretanto, vale a pena refletir o cenário em que o jornalista brasileiro está inserido: vivemos em estado de guerra? De um lado a categoria é sufocada pelo avanço tecnológico e intensas mudanças no método de trabalho, acumulando funções; o mercado está saturado de formandos em Comunicação; a remuneração não é compatível com as necessidades econômicas do profissional; e ainda o exercício do jornalismo ético é ferido pelas constantes ameaças. Assim sobrevive o Jornalismo no século XXI.

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