O Geraldão deve estar se virando no tumulo

Os moradores mais antigos da cidade conviveram com ele. Alguns mais novos e antenados sabem quem foi esse personagem ou já ouviram falar dele: Geraldo Antão Piedade, o fundador do jornal A Voz de Ribeirão Pires. Encorpado, bigode e dentes amarelados pelo cigarro, prolixo e simpático, nutria um amor incondicional por Ribeirão. Foi Geraldo quem primeiro chamou a cidade de “Pérola da Serra”. A Voz, na época único jornal da cidade, era composto “no chumbo” e impresso tipograficamente numa impressora tipo minerva, manual. As fotos eram impressas via “clichê” de zinco, que eram mandados para fazer em São Paulo. Eu mesmo trabalhei por vários anos nessa máquina que produziu a Voz.

Geraldo era um jornalista ético, tinha preocupação em publicar fatos verídicos e nunca se soube que o mesmo tivesse perseguido algum politico de forma contumaz, preconceituosa e desrespeitosa, como fazem hoje os atuais donos da marca. É vexatório você ter toda semana, por meses a fio, que conviver com manchetes ofensivas, charges de mau gosto e matérias encomendadas.

Não sei como se sente o jornalista Fausto Piedade, herdeiro da marca, ao ver o destino que estão dando a um sonho de seu pai, que quando faleceu estava construindo um prédio próximo a Avenida Brasil que viria ser a sede do jornal.

Reconheço que talvez eu tenha dado um drible na ética que tanto defendo ao criticar um concorrente, mas a Voz e o Geraldo foram pra mim exemplos de amor a cidade, ao trabalho, e de como fazer jornalismo zelando pelos interesses da comunidade. E isso eu não vejo na Voz de hoje em dia, para tristeza de nosso eterno Geraldão.

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