O Carnaval e o sorriso amarelo

O último final de semana marcou a realização do mais popular dos festejos nacionais: o Carnaval, cinco dias inteiramente dedicados à Folia de Momo encerrados no início da Quaresma, o período de 40 dias que antecede a Páscoa.

Nos quatro cantos do Brasil, foliões celebraram a alegria, o samba, o axé e o “início” de mais um ano, já que há o velho ditado de que “o ano só começa depois” desta época. Pois bem, para muitos, a festa ficou com um gosto meio azedo, com cara dos desfiles de São Paulo, que não tiveram vencedores por conta de um tumulto generalizado e viraram uma festa com sorriso amarelo.

Culpa da Ficha Limpa, aquela lei criada por iniciativa popular, lembram? Aquela lei que vai deixar os políticos “maus profissionais” de cabelo em pé, pagando, enfim, a conta de anos e anos de desmandos e enriquecimento suspeito. Antes de se tocar a primeira corneta do folguedo, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que todos os condenados por órgãos colegiados, os que tiveram suas contas rejeitadas e até mesmo aqueles que foram condenados por falta de conduta ética em seus órgãos de classe estão impedidos de concorrer por oito anos a partir de suas punições já nas eleições deste ano. Desta feita, o cenário eleitoral que já estava sendo desenhado sofreu um gravíssimo revés.

Os partidos, a partir de agora, terão que redobrar os cuidados com seus candidatos e não apenas lançar nomes “populares”, ou os famosos “puxadores de votos”, não raro velhas, felpudas e rodadas raposas, com uma série de suspeitas sobre sua conduta e idoneidade moral. Ou seja: muitos que bradam aos quatro ventos serem candidatos e tem até mesmo feito campanha antecipada de forma disfarçada, para usar uma expressão condizente com o momento, “sambaram”.

Esses, com certeza, não desfrutaram da Folia, pelo contrário, passaram os cinco dias debruçados nas leis em busca de algum subterfúgio, uma tábua de salvação para ainda tentar alguma escapatória – leia-se anular as sentenças que os levaram a ficar de fora do próximo pleito. A estes, apenas uma frase: a mesma mão que dá, também tira e a voz do povo que os deu poder, também os deixará com um bom tempo para pensar em seus erros. Oito anos, para ser mais exato.

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