O aumento da criminalidade e corrupção política

Por Nelson Camargo

Rui Barbosa (1849 a 1823) escreveu a seguinte frase “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.” Também o dramaturgo português Gil Vicente, (1465 a 1540) já falava da corrupção, em suas peças teatrais, inclusive de juízes que vendiam sentenças. Da mesma forma, o padre Antônio Vieira, escreveu no “Sermão do Bom Ladrão”, em 1655, uma série de acusações contra os donos do poder. Num dos trechos diz que Alexandre Magno (356 a. C. a 323 a. C.) navegava com uma armada pelo mar Eritreu para invadir a Índia, quando lhe trouxeram um pirata, que andava roubando pescadores. Alexandre começou a repreendê-lo severamente, mas o ladrão respondeu-lhe: “Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós por que roubais em uma armada sois imperador?”. Após essa exposição, Vieira afirma que o roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza, querendo com isso dizer que os pequenos ladrões são punidos e “os grandes são considerados grandes homens”.

Por isso não devemos aceitar passivamente os desmandos de certos governantes às vezes citando falsos argumentos como “rouba, mas faz”, ou “política é assim mesmo”, pois o acúmulo da malandragem política, é uma consequência dos incautos que continuam votando e endeusando ladrões da pior espécie. Na verdade, os maiores ladrões permanecem livres e idolatrados e alguns poucos “laranjas” (aqueles que assumem a culpa de outros, com medo de se complicarem ainda mais) são condenados. Além disso, na cadeia os que têm dinheiro levam vantagem sobre os que não têm.

Infelizmente, muitos candidatos bons não têm a mínima chance de vencerem eleições para cargos mais importantes como governador ou presidente (como foi o caso de Rui Barbosa) porque não fazem alianças com certos grupos que manipulam a opinião pública. Assim o índice de corrupção política e criminalidade aumentam em igual proporção. E a vítima maior é o povo. Cada vez mais.

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