Número de fumantes segue em queda no Brasil

O número de fumantes permanece em queda no Brasil. É o que revela a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2011), realizado pelo Ministério da Saúde. Segundo a pesquisa, de 2006 a 2011, o percentual de fumantes passou de 16,2% para 14,8%. A incidência de homens fumantes no período 2006-2011 diminuiu a uma taxa média de 0,6 % ao ano, segundo o Vigitel 2011.

De 2006 a 2011, o percentual de fumantes passou de 16,2% para 14,8%

A frequência é menos da metade do índice de 1989, quando a Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou 34,8% de fumantes na população. “Os dados mostram que nossas políticas públicas contribuíram efetivamente nessa redução. Hoje temos mais ex-fumantes do que fumantes no País, mas é preciso continuar reforçando a luta pelo tabagismo. Queremos reduzir essa proporção com as medidas restritivas, como a proibição de fumódromos em recintos coletivos fechados, a restrição dos aditivos de cigarro que alteram sabor e odor, que vão reduzir o tabagismo no grupo de jovens e de mulheres, a proibição de propaganda nos pontos de venda, e o aumento da tributação sobre cigarros”, explicou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Cleide Silva Carvalho, 27 anos, começou a fumar aos 15, estimulada pelo convívio na escola com outros adolescentes fumantes. Quando saía com os amigos, chegava a fumar um maço de cigarros. A saúde começou a dar sinais de que ela precisava parar, e há alguns meses, Cleide iniciou uma batalha contra o vício. Logo veio a recompensa pela escolha. “Nos dias em que fiquei sem fumar nada, além do bem estar próprio, cabelo e roupas sem cheiro de ‘cinzeiro’, me sinto mais disposta”, relata. “É uma luta que está só no começo, mas com fé, em breve me tornarei, definitivamente, uma ex-fumante”, completa.

Homens fumam cada vez menos – A frequência de fumantes continua maior em homens (18,1%) do que entre as mulheres (12%). Porém, é a população masculina quem também lidera a redução do hábito de fumar entre os brasileiros: um quarto dos homens declarou ter abandonado o cigarro (25%).

Leandro Dicieri, 29 anos, faz parte dessas estatísticas. Fumante desde os 15 anos, o jovem decidiu parar com o vício, motivado pelos gastos que tinha para sustentá-lo. “O governo, há pouco tempo, aumentou o imposto sobre o tabaco em 40%. Minha família toda fuma e o valor do prejuízo chegava a quase R$800,00 por mês. Está tão difícil ganhar dinheiro e eu queimando ele? Decidi parar”, contou.

O ganho em qualidade de vida foi percebido pouco tempo depois. “O olfato ficou incrivelmente sensível. Comecei a sentir o cheiro nas pessoas e nos lugares que frequento e pensava comigo: ‘caramba, sério que eu cheirava assim também? E o bolso, este mudou e agora sobra algum dinheiro para pequenas regalias as quais me ‘presenteio’ por ter parado de fumar”, disse.

Fumo passivo: 11,8% dos não-fumantes moram com pelo menos uma pessoa que fuma

A pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2011) apontou que 11,8% dos brasileiros não-fumantes moram com pelo menos uma pessoa que fuma dentro de casa. Além disso, 12,2% das pessoas que não fumam convivem com algum colega fumante no local de trabalho.
São as mulheres (13,3%) e os adultos entre 18 e 24 anos (17,7%) quem mais sofrem com o fumo passivo dentro de casa. Já no trabalho, a frequência de homens atingidos pelo fumo passivo (17,8%) é mais que duas vezes superior à registrada entre as mulheres (7,4%). Homens menos escolarizados (até oito anos de estudo) são as principais vítimas do cigarro alheio no ambiente de trabalho (20,9%), percentual bem superior se comparado àqueles com mais de 12 anos de estudo (8,9%).
Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a Lei Antifumo sancionada pela presidenta Dilma Rousseff vai contribuir para a redução do fumo passivo no ambiente de trabalho. “O resultado do Vigitel só reforça a importância de investir em políticas públicas mais restritivas ao tabaco. O ambiente de trabalho também é um espaço público, portanto deve ser livre do cigarro”, afirmou Padilha. O SUS gasta cerca de R$ 19 milhões por ano com diagnóstico e tratamento de doenças causadas pelo tabagismo passivo.
De acordo como o Instituto Nacional do Câncer (INCA), pelo menos 2,6 mil não fumantes morrem no Brasil por ano devido a doenças provocadas pelo tabagismo passivo. Pessoas que não fumam, mas são expostas à fumaça do cigarro têm 30% mais chance de desenvolver câncer de pulmão e 24% a mais de sofrer infarto e doenças cardiovasculares.

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