Nós elegemos um prefeito mesmo sem votar nele

O voto democrático, como aplicado neste último domingo em todo o território da Federação, dá ao povo o privilégio de escolher quem serão seus governantes. Isso coloca sobre as pessoas a responsabilidade pelo futuro desenvolvimento de cidades, estados e do país. O problema é que a cada eleição parece que ao mesmo tempo em que surgem mais candidatos, ficamos cada vez com menos opções.

Como forma de protesto, o eleitor opta por votar nulo ou branco, mas será que isso adianta? Acompanhe os números em Ribeirão Pires. Neste pleito, 25.409 pessoas votaram nulo (na verdade 16.831 depositaram o voto em no  impugnado Dedé da Folha e o restante – 8.578 – de fato anulou o voto). Somando-se aqueles que votaram em branco, dando a ideia de “tanto faz quem ganhar”, a soma chega a 31.305, se acrescentarmos as pessoas que se absteram de votar, o total chega a 45.130 pessoas, ou seja, 61% da população de eleitores não foram ou só compareceram às urnas para desperdiçar seu voto. Lembrando que esses números dizem respeito somente à eleição para prefeito.

O novo alcaide de Ribeirão Pires, Saulo Benevides, eleito com 24.601, atingiu 33,47% do eleitorado, ou 58,31% quando avaliado somente os votos válidos. A grosso modo, uma simples analise numérica mostra dois cenários. O primeiro e mais superficial revela que, embora eleito, a maioria da população não queria Saulo como prefeito, já que 62.717 (dos mais de 87 mil) eleitores não votaram nele. O segundo cenário mostra que dentre os grupos interessados com o destino da cidade, um deles, teve força para eleger o candidato do PMDB.

Assim, vemos que na verdade a democracia não dá ao povo total autonomia para escolher seus representantes. O que de fato acontece é a garantia de que o povo será liderado mesmo que a escolha seja feita por uma minoria de pessoas. Se a voz da maioria fosse, necessariamente, a que regesse a política, hoje seríamos uma cidade à moda anárquica, sem um representante. Isso posto, não adianta anular ou se abster de votar. Se as pessoas querem mesmo decidir os rumos políticos de uma cidade é necessário mais consciência e, principalmente, atitude.

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