Não há mais festa, nem Carnaval. Acho que fui enganado…

Ontem foi 14 de setembro de 2016 e deveria ter sido um dia de festa com a inauguração do teleférico. Ainda que estejamos a poucos dias da eleição, as manchetes de todos os jornais, dentro e fora de Ribeirão Pires, não falariam de outra coisa senão a inauguração do “maior projeto turístico do Estado de São Paulo”, capaz de atrair visitantes de todo o país e colocar a cidade em outro patamar.

“Ribeirão Pires inaugura o teleférico” seria a notícia a ecoar pelos quatro cantos do país. O Hotel Pilar estaria superlotado, obrigando os visitantes a se hospedar no hotel Diamond, em Mauá e no Mercure, de Santo André e o trânsito estaria insuportável, tamanho o fluxo que estaria ocupando nossas estreitas e antigas ruas. Sem contar o comércio que estaria celebrando o boom de vendas antes mesmo do Natal.

Mas, como se diz na Internet, Só que não. Não temos teleférico, nem turistas, nem boom econômico. Não temos trânsito, hotel lotado ou turista empolgado. Tudo ficou na promessa, já que o prazo inicial não foi cumprido – e nem se sabe se um dia será. No estágio atual, o Teleférico virou motivo de piada, tal qual o Cemitério de Odorico Paraguaçu que buscava um morto para ser inaugurado na imaginária Sucupira da novela “O Bem Amado”.

Já aqui em “Sucupires”, a obra está bem longe de ser inaugurada e, a bem da verdade, está mais para um elefante branco inacabado do que algo que efetivamente trará crescimento e divisas para a cidade. Falando nisso, e o viaduto? E o Hospital Santa Luzia? E a Perimetral? E a ampliação da Avenida Brasil?

Ao ver todas essas promessas largadas e obras paradas, vemos que Ribeirão Pires, de fato, teria potencial de se tornar o sonho de dez entre dez prefeitos, o de ver suas cidades transformadas em um verdadeiro “canteiro de obras”. Mas, como se sabe, a linha entre o sonho e o pesadelo é tênue e fez com que o potencial sonho virasse uma grande galeria de obras paradas – o que é sinal de incompetência ainda que as intervenções dependam de repasses federais que andam escassos.

Seria sinal de incompetência, impotência ou falta de planejamento mesmo? Fato é que o próximo prefeito terá a chamada “herança maldita” para gerir, uma série de obras inacabadas e outra série de pontos a serem recuperados ou revitalizados, como o Mirante São José, o Camping, a Igreja do Pilar e a Pedra do Elefante. Já que o Teleférico não está aqui para entreter nossos visitantes, quem sabe nossos antigos (e esquecidos) pontos turísticos não possam resolver o problema? Mas, ao que parece, o pensamento de Saulo Benevides é (ou era) meramente deixar sua marca na cidade, como um Narciso dos tempos modernos que tem a necessidade de deixar seus feitos (literalmente) pendurados à vista de todos.

Bem, a sensação do cidadão de Ribeirão Pires é uma só e está no refrão da canção do Camisa de Vênus que emprestamos para dar título a este texto: “Não há mais festa, nem Carnaval. Acho que fui enganado”…

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