Morosidade pública licitada

Ir a uma empresa e ser bem atendido em suas solicitações deveria ser um fato corriqueiro, nada mais do que a obrigação, mas, a cada dia, acaba por se tornar um raro prazer, culpa de sistemas ultrapassados de gestão ou mera má vontade de funcionários e/ou colaboradores.

O sujeito da frase anterior também pode ser substituído por repartição pública sem prejuízo do sentido da sentença. Ou melhor, deveria já que, salvo as exceções, determinadas situações nos fazem pensar o porquê de não se encarar o serviço público de maneira empresarial. Não raro, ao fazermos nossas solicitações, nos deparamos com funcionários mal preparados – ou com má vontade – que dão a impressão de estarmos “incomodando” seu descanso remunerado em horário comercial.

E isso, ao contrário do que certos incautos pregam aos quatro ventos, não é culpa do sistema de concursos, já que dentre o (gigantesco) exército de comissionados, o quadro não é diferente. Aliás, é até pior, já que muitos têm “padrinhos” fortes e poderosos.

Tomemos como exemplo o caso da Biblioteca Municipal, cujo abandono foi nosso destaque na última semana. Imaginem os caros leitores se, em suas residências aparecesse rompido o cano que vai da parede até o chuveiro, um reparo barato que não custaria mais do que R$ 10, mas que, para isso, você anunciasse em um jornal que está com o equipamento quebrado e estaria aberto a orçamentos até o dia 30 deste mês, anunciasse o vencedor no 7º dia do próximo e autorizasse o conserto, que não deve tomar mais do que 20 minutos, apenas no 15º dia? Seriam nada menos do que 35 dias sem banho.

No caso do lar da cultura da cidade, seria, segundo fontes, necessária uma troca de calha, uma obra que também não seria tão custosa aos cofres da cidade. Será que não existe um almoxarifado, um departamento de manutenção, uma contingência de material ou recursos para poder fazer os reparos necessários? Ou será que a Secretaria (ou até mesmo o secretário) responsável não pode pagar com recursos próprios? Enquanto isso, a população reza e espera que a próxima chuva chegue depois do fim da reforma do prédio. Vai que os livros não resistam…

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