Melhor prevenir do que remediar

Já diz o velho ditado: é melhor prevenir do que remediar. Mas quando chega essa época do ano, caracterizada pelas fortes chuvas, vemos que esse sábio dito raramente sai da teoria para a realidade.

No ano passado, as águas castigaram Ribeirão Pires, fazendo com que fosse decretado estado de calamidade pública no município. Após um período conturbado, hora de colocar a mão na massa para reparar os prejuízos: construção de muros de arrimo, obras de drenagem e recuperação de encostas. Porém, nem toda demanda foi atendida. É o caso de dois cartões postais da cidade: o Morro São José e o Morro Santo Antônio. Em 2010, as tempestades abalaram os dois pontos turísticos. No primeiro, por exemplo, parte da escadaria que dava acesso ao mirante desabou, e daquele jeito permaneceu. Um ano se passou e o que havia sobrado desmoronou de vez. Com perigo de tudo vir abaixo, vias foram interditadas, entretanto, quem vive ou trabalha nesses arredores não tem nenhuma informação sobre o que pode realmente acontecer, se eles devem permanecer tranquilos ali, se devem ir, o que fazer, como agir.

Ontem, uma luz para clarear o futuro, que tem como única certeza, as tradicionais chuvas de verão. O prefeito Clóvis Volpi (PV) assinou, em Brasília, convênio com o governo federal para o repasse de R$ 3.044.649,00 a serem aplicados em obras de recuperação em ambos os morros. Que cada centavo dos recursos para essas e outras intervenções contra a fúria das águas seja utilizado ao longo de 2011, para que, no próximo ano, as atenções girem em torno de questões diferentes e não das mesmas coisas.

Em Mauá, a chuva teve um peso maior este ano, e já vitimou seis pessoas. Não há como prever a ocorrência de fatalidades, mas elas talvez pudessem ter sido evitadas. Só que nada foi feito para isso, como se os problemas em decorrência das chuvas apenas atingissem os vizinhos. Desde o ano passado, o Ministério Público Estadual exige, entre outras coisas relacionadas  essa questão, ações da Prefeitura mauaense que possam evitar tragédias, como enchentes e deslizamentos de terra. Até agora, tudo permanece nas exigências, sem o menor dos retornos.

Já em São Paulo, mesmo 2010 batendo recorde de arrecadação de impostos, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) investiu menos do que estava previsto em obras antienchentes: R$ 835 milhões a mais nos cofres da Prefeitura em relação a 2009 e R$ 430 milhões investidos quando se previa R$ 504 milhões.

O ditado que vemos ano após ano realmente não é aquele do início deste editorial, mas sim um refrão cantado pelo poeta Cazuza, na música “O tempo não para”: vemos o futuro repetir o passado.

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