Liberem as catracas da CPTM!

A manifestação ideal para essa categoria não é cruzar os braços, mas simplesmente abrir as catracas

Quase um milhão de trabalhadores foram prejudicados com a greve dos metroviários desta terça-feira, quando duas linhas da CPTM (Linha 7: Luz/Francisco Morato e Linha 10: Brás/Rio Grande da Serra) tiveram os serviços parcialmente paralisados. A situação mais grave aconteceu na Linha 10 Turquesa, que atende o ABC, já que aqui a paralização foi total, desrespeitando inclusive uma ordem judicial que obrigava ao menos 70% de funcionamento da operação.

O direito à greve pertence ao trabalhador de qualquer categoria. A própria região do Grande ABC é historicamente conhecida por ser uma das precursoras desse sistema de manifestação “pró trabalhador”. Mas, como bem lembrou o prefeito de São Paulo, João Dória, em entrevista ao Roda Viva desta semana, “está mais do que na hora desse modelo ser revisto”.

Toda a confusão e prejuízo causado com a paralização desta semana ocorreu porque o sindicato que representa os trabalhadores dessas duas linhas não aceitou o acordo de parcelamento em duas vezes da participação dos resultados da empresa. Lembrando que os metroviários são representados por três sindicatos e apenas um deles não concordou com a proposta oferecida pela CPTM. As outras entidades não aderiram à greve.

A interrupção dos serviços de transporte de fato prejudica os acionistas da empresa e força uma renegociação da proposta, no entanto, o usuário do sistema também é prejudicado, só que com uma diferença: ele não tem qualquer ganho com o acordo firmado entre patrão, empregado e o sindicato dos metroviários.

A manifestação ideal para essa categoria não é cruzar os braços, mas simplesmente abrir as catracas, permitindo com que os usuários do sistema não paguem a passagem. Essa ação atingiria diretamente os acionistas e mais ninguém, e forçaria uma negociação imediata, afinal, os barões do transporte não estão interessados em perder os quase R$ 10 milhões diários que essas duas linhas rendem de lucro. Claro que hoje, fazer greve é direito garantido enquanto que liberar as catracas podem resultar em demissão por justa causa, mas é aí onde o sindicato precisa agir e articular sua influência sobre deputados para garantir a liberação tarifária em lei.

Apesar de ser uma saída sensata e que não colocaria a conta da disputa de uma categoria em milhões de trabalhadores, os sindicatos dos metroviários não cogitam essa medida. Ora, por que isso acontece?

A resposta é simples: há muito tempo os sindicatos deixaram de lutar pelos interesses dos trabalhadores e se misturaram com atenções políticas e pessoais de seu corpo diretor.

Enquanto houver aparelhamento sindical com a classe empresarial, os trabalhadores sempre serão usados, como meros produtos, sem qualquer respeito individual ou coletivo. Nesse ponto, não temos medo de afirmar: os sindicatos estão longe de representar os trabalhadores.

 

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