Homenagem justa, feriado impróprio

Por Gazeta

Existe um ditado muito conhecido que “os inocentes pagam pelos pecadores”. A escravidão não foi e não é, já que ela ainda existe em várias partes do mundo sob variadas formas apenas um pecado: é um crime hediondo. Hoje, quando escrevo essas linhas, tive que abdicar de vários projetos importantes, inclusive uma intervenção cirúrgica programada, em função dessa conjunção de feriados e fins de semana que afetam o comércio, a indústria e o sistema de saúde. Qual o funcionário público ou privado que diante da oportunidade de usufruir de seis dias de folga remunerados, pré ou pós compensados abriria mão de tal regalia.

O custo desse “costume” brasileiro de emendar feriados é de alta monta em termos econômicos e em prejuízo de alunos, cidadãos que necessitam de serviços públicos, cidadãos em geral que se veem privados até da segurança já que muitos policiais também folgam nesses dias, desguarnecendo os quartéis. Nossa dívida contraída no passado, a qual considero impagável, vem sendo de certa forma abatida ou resgatada através de ações governamentais como cotas especiais para negros em diversas circunstâncias e em significativas homenagens e atos de reconhecimento aos crimes cometidos pelos nossos antepassados.

A data de 20 de novembro escolhida para ser um Dia Nacional de Desagravo ao negro escravizado e seus descendentes, acabou por ser um feriado parcial adotado apenas por alguns estados e muitas prefeituras. Porém o mês de novembro já é pródigo em feriados e esse acúmulo de dias emendados acaba por interferir de forma decisiva no funcionamento da máquina estatal e no comércio em geral. Sob pena de parecer politicamente e socialmente incorreto, defendo de forma ferrenha a extinção do feriado, permanecendo porém a homenagem mais que merecida, para o terceiro sábado ou domingo de novembro.

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