Hidroponia: cultivo que preserva a água e não contamina o solo

A terra nos dá o alimento, mas para que a colheita tenha êxito, muitas vezes é preciso fazer uso de agrotóxicos para combater as temíveis pragas. Com isso, não só o produto que chega à nossa mesa está prejudicado como também o meio ambiente, que com o veneno, já não está mais puro. Contudo, o cultivo no solo não é a única maneira de fazer com que as plantas consigam crescer e produzir. Um meio – e muito eficiente – é a Hidroponia. O termo vem da junção das palavras gregas Hidro+Ponos, que significa “trabalho na água”. A técnica começou com a descoberta das exigências nutricionais das plantas. Primeiro os cientistas descobriram sua composição química, depois viram que era possível cultivar as plantas só no meio líquido, contendo aqueles elementos químicos encontrados nos seus tecidos.

Alexandre Anghinoni cultiva alfaces hidropônicas desde 1992

Na Segunda Guerra Mundial o cultivo hidropônico foi utilizado para produção de hortaliças em ilhas do Pacífico (Ilhas Marianas), fornecendo verduras frescas para as tropas americanas.

A criação do sistema chamado “Fluxo Laminar de Nutrientes” (NFT), na década de 60 pelo americano Halen Cooper, deu grande impulso ao desenvolvimento da hidroponia comercial.

Alexandre Anghinoni, de Rio Grande da Serra, iniciou o cultivo de alface hidropônica como hobby em 1992 e passou a se dedicar mais ao processo em 1998, após se aposentar como metalúrgico. Hoje, ele possui 21 bancadas, sendo 5 utilizadas no processo de pré-crescimento das mudas e 16 para o desenvolvimento final das mesmas. A colheita chega de 12 a 15 mil pés de alface por mês.

As mudas são feitas na fibra de coco. “Coloca-se essa fibra em uma bandeja juntamente com a semente e em 25 dias a muda está pronta. Dentro de mais uns 30 dias, já pode fazer a colheita”, explica Alexandre.

No cultivo em água as raízes das plantas ficam parcialmente submersas em solução nutritiva, feita com sais minerais, como cálcio e potássio, preparada por um engenheiro agrônomo. Uma fina lâmina de solução nutritiva percorre ao longo do canal de cultivo e o sistema radicular da planta fica parcialmente submerso absorvendo os nutrientes.

A Hidroponia é uma ferramenta poderosa na preservação e uso racional da água, permitindo sua economia da ordem de dez vezes, quando comparado a outros sistemas de cultivo (convencional ou orgânico) no solo fazendo uso de irrigação. Baseia-se no princípio de reciclagem do uso da água por períodos de 30, 60 dias ou mais.

“A água passa pela cultura e cai em uma calha. Uma bomba retorna para uma caixa a solução nutritiva que desceu e essa água vai e volta, então, ela é totalmente aproveitada, não joga nada fora. Esse processo ajuda na oxigenação da água, porque ela não é uma água parada, mas sim em constante movimento”, conta Alexandre. Como a fibra de coco deixa resíduos que se acumulam no fundo da caixa, porém, sem o risco de contaminá-la, já que se trata de matéria orgânica, a cada três meses o cultivador limpa a área e troca a água. “A água utilizada é do poço. A da rua também serve, mas a concentração de cloro é muito grande, então, seria preciso fazer um processo de decantação”.

Alexandre enumera os benefícios da Hidroponia: “Não desperdiça água, pois ela é toda reaproveitada; não contamina o solo com resíduos de agrotóxicos, e tem total aproveitamento da área, pois dessa maneira, é possível produzir quase três vezes o que você produziria na mesma área de solo, pois a planta está com uma nutrição balanceada, bem tratada, não tem concorrência, ou seja, não tem mato, bicho, ela está ali só para crescer. A população está aumentando, precisa produzir mais e mais alimento e o espaço está ficando menor. Essa é uma técnica que daqui a alguns anos vai ser muito importante”, finaliza Alexandre.

Serviço – As alfaces hidropônicas cultivadas por Alexandre Anghinoni estão disponíveis para venda na Rua Ana Bela, nº. 1002, Oásis Paulista, Rio Grande da Serra. Alexandre também faz entregas para lanchonetes, restaurantes e sacolões. Mais informações pelos telefones 4821-1190 / 6374-7437.

Compartilhe

Comente

Leia também