É negligência sim!

Assunto que, de tão recorrente, se tornou irritante, a Saúde de Ribeirão Pires é alvo de polêmica mais uma vez, agora por conta da negligência da Prefeitura de Ribeirão Pires. Há tempos, o Hospital São Lucas tem atendimento abaixo do esperado, especialmente para uma cidade que é uma “estância” – ainda que apenas por decreto.

Em 2008, um dos jornalistas desta casa se utilizou dos serviços do hospital para o nascimento de seu filho e, já naquela época, em que se pese a boa vontade dos funcionários, a situação, embora melhor que a atual, já inspirava cuidados.

O quarto onde a esposa do profissional em questão ficou hospedada para a recuperação pós-parto estava tomado pelo mofo, o banheiro não tinha revestimento, com o piso em puro concreto e o vaso sanitário, além de estar mal instalado, representando riscos a integridade física. As paredes estavam mofadas e a janela, quebrada, mal protegendo a criança, quando estava no quarto, do frio que fazia naquele inverno.

A sorte da moça é que seu parto havia sido normal e a criança concebida sem problemas. Sorte distinta à de sua companheira de quarto, que além de ter feito cesárea, ainda teve complicações com seu recém-nascido, que sofreu, entre outros problemas, de icterícia.

Nas UBSs, o quadro apresentava similaridades. O mesmo profissional da casa presenciou o absurdo de uma pessoa com Catarata em estado avançado ser obrigada a agendar consulta com o Clínico Geral, que só tinha horário dali a dois meses, para então pegar o encaminhamento para o Oftalmologista, que tinha fila de ao menos três. Ou seja: quando o pobre cidadão enfim fosse submetido ao especialista, muito provavelmente estaria cego.

Pois bem, estes exemplos mostram que os problemas em nossa Casa de Saúde vêm de longa data e que uma ação adequada da Administração poderia, sim ter ao menos dado uma saúde mais digna. A Prefeitura de Ribeirão Pires foi negligente, criminosa, ao deixar a situação chegar ao fundo do poço. Então, como salvadoras da pátria, entraram em campo as OSS que, em um passe de mágica iriam fazer da Saúde de nossa cidade referência em todo o estado, como muitas vezes a propaganda oficial repetiu. Nova falha. E mais negligência, já que o único papel que caberia à Administração da “Estância” seria o de fiscalizar, o que não fez.

Trocou-se de OSS uma, duas vezes e nada de melhoras. A última delas, a OSSPUB, levou um calote monstruoso da Prefeitura, comprometendo a gestão dos serviços, já que envolvem pagamentos de funcionários e fornecedores e colocando a população como refém do joguete político que estava por trás de tudo isso.

Caos instalado, com uma liminar, a Prefeitura chegou a conclusão de que era melhor nunca ter contratado as ONGs e ter feito o serviço ela mesma, desde o começo. Fica então a pergunta: por um acaso, alguém acha que o povo é bobo? Será que ninguém vê que a culpa não é da empresa, seja ela Iluminattus, Cemed, Acqua ou qualquer outra, mas sim de quem as contrata sem saber ser teria condições de honrar os compromissos e que a responsabilidade civil cabe ao Prefeito? Jogo de cena não irá reverter o mal já feito ou trazer de volta as vidas que se perderam. Ou será que alguém pensa diferente? Em tempo: o funcionário em questão se chama Danilo Meira, o jornalista responsável por esta publicação e que presenciou todas estas situações.

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