E não é que a bolha estourou mesmo?

“Resumindo a ópera, a população está no limiar de perder seu poder de consumo, o que faria o país parar com a “festa monetária”. Hoje, o custo de vida subir em nível mais elevado que a inflação e a renda familiar é uma mera reclamação. Amanhã, pode ser uma triste constatação. É preciso uma ação conjunta entre Governo, empresariado e população para evitar o pior – antes que seja tarde demais”.

Essa frase fez parte do nosso editorial do dia 28 de março de 2013, chamado “A Bolha vai estourar”, que relatava a crescente alta de preços que massacrava as famílias brasileiras, relembrando que não era mera culpa da “mão pesada do Estado” representada pela alta de impostos, mas sim uma culpa dividida com os empresários que elevaram os preços e a população que insistia em abusar do crédito.

Pois, dois anos e quatro meses mais tarde, constatamos que ela estourou. O consumo caiu, as vendas estagnaram, o poder de compra sumiu e as indústrias outrora em ceu de brigadeiro, hoje lançam mão de lay-offs, programas de demissão voluntária e também demissões propriamente ditas.

Para mal ou para bem, vemos também um efeito colateral que pode ser avaliado como positivo: cada vez mais, os consumidores estão mais conscientes em relação a seus gastos. Um cenário impensável há alguns anos é ver que os tradicionais reajustes estão menores, com os empresários assumindo parte dos aumentos de custo, sem repassá-los diretamente ao consumidor. Este, por sua vez, força a queda de preços ao se recusar a pagar preços que julguem ser muito altos, seja não comprando ou buscando outro fornecedor com valores mais em conta.

Pena que os custos com energia estejam chegando a níveis insuportáveis. Não bastasse a malfadada bandeira vermelha que é uma verdadeira multa ao consumidor que acaba por pagar pelo aumento do custo de geração de energia (que, venhamos e convenhamos é um problema da empresa concessionária, não da população), já foram aprovados dois aumentos este ano que já chegam a incríveis 49%, contra uma inflação acumulada de 8,47% nos dois últimos meses.

Ora, se há um problema em nossa matriz energética, ele deve ser solucionado. Sangrar a população, como faz a AES Eletropaulo, é inadmissível. Independente de a empresa que presta um serviço básico ser privada (o que é um erro grotesco) e ter que gerar lucro, vivemos em uma situação de monopólio onde não podemos sequer buscar uma alternativa. Desta forma, ficamos à mercê de uma situação que pode fazer toda aquela economia, todo aquele aprendizado ir por água abaixo. Ou estourar junto com a bolha…

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