Doutor Reis morre aos 100 anos

Uma das mais privilegiadas mentes que já pisou no solo ribeirãopirense nos deixou na madrugada de domingo para segunda-feira. Augusto Alves dos Reis, o Doutor Reis, como era conhecido, faleceu de causas naturais. Nascido em 11 de novembro de 1916, em Votuporanga, São Paulo, chegou a Ribeirão Pires em 1954 e logo se tornou conhecido por seu profissionalismo e por suas ações humanitárias. Autor de vários escritos em prosa e verso, também deixou sua marca no Mais Notícias, tendo seus artigos publicados em diversas ocasiões. Doutor Reis deixa Cida, sua companheira nos últimos 20 anos, além de quatro filhos, um enteado, sete netos e sete bisnetos.

Dr. Reis era referência na cidade

Em 2012, o eterno Doutor concedeu uma entrevista à revista Mais Conteúdo, por meio do jornalista Danilo Meira. À época, ele completava 96 anos de idade. Confira parte da reportagem a seguir:

O Dr. Augusto Alves dos Reis é um dos mais queridos e renomados médicos na cidade, história viva de Ribeirão Pires. Foi um dos primeiros a se cadastrar no CRM (Conselho Regional de Medicina) sob o número 1591. O médico chegou a Ribeirão Pires no dia 6 de janeiro de 1954 e, de lá para cá, acompanhou todo o crescimento da cidade.

Reis se formou em medicina no Rio de Janeiro. “Estudei por três anos para entrar na faculdade e consegui me matricular em março de 1939”, conta. Ele se formou em 1944. O doutor também lembra uma peculiaridade do ensino da época: “No meu tempo, as aulas eram dadas no hospital, na cabeceira do doente. Por isso, não havia residência.” Um detalhe: Ao contrário de hoje, em que os médicos são clínicos gerais e depois se especializam, Dr. Reis saiu formado em 33 especialidades.

Então, passou um ano como assistente médico, praticando o ofício até voltar para Votuporanga e abrir seu primeiro consultório no distrito de Jacilândia. Lá, teve contato com a política. “Quando Jacilândia se tornou cidade, com nome Valentim Gentil, fui o primeiro prefeito. Transformei aquela pequena cidade de cinco mil habitantes em uma verdadeira família, da qual fui pai para instalar um município”, se orgulha.

Foi justamente esta experiência que o aproximou de Ribeirão Pires. À época, conheceu em congressos de prefeitos o então prefeito de Santo André, Fioravante Zampol, que se tornou seu amigo. E foi ele quem o trouxe para Ribeirão. “Ele era um homem honesto, um grande prefeito”, diz Reis. Zampol o nomeou médico da Santa Casa de Santo André e, de lá, ele veio para o município, pouco depois de ter sido emancipado.

Dr. Reis então montou sua clínica no Centro, no mesmo local onde residia. Morava no andar superior e, no inferior, manteve sala de operações, sala de espera e um consultório. Ainda fazia atendimentos a domicílio, em especial partos. “Fiz mais de cinco mil em 40 anos”, conta.

Profissional exemplar, também viajou o mundo para trocar experiências, tendo passado por França, Alemanha e Israel na década de 1970 e pela Rússia no início dos anos 1980. Ainda publicou dois livros: Flores ao Longo do Caminho, no qual conta sua história por meio de sonetos e poemas escritos entre 1934 e 1999, além de Aguenta Gabriela!, grande poema que discorre sobre os problemas sociais do Brasil.

A grande e histórica lista de serviços prestados a Ribeirão Pires foi encerrada em 1999, quando um problema na voz o impediu de exercer a profissão.

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