Despencando no ranking da honestidade

Esta semana, a organização alemã Transparência Internacional divulgou o ranking dos países menos corruptos do mundo e, dentre 177 “candidatos”, o Brasil piorou. Sim, senhores, nosso país está um pouco menos honesto, mantendo um desempenho medíocre: caímos da 69ª para a 72ª posição.

Em números, na escala de 0 a 100 tiramos 42, ou seja, ficaríamos de recuperação com toda a falta de louvor possível. Isso, em tempos de prisão de “mensaleiros” antigos e busca por novos, não deixa de ser uma ducha de água fria e uma prova de que nosso país ainda tem muito a medrar.

Mas aí, o nobre leitor pode dizer que a América Latina não é exatamente um prodígio no que tange a corrupção. Mas até em meio a eles, ficamos para trás na tabela da honestidade, que tem Uruguai (73 pontos), Chile (71), Porto Rico (62), Costa Rica (53) e Cuba (46) à nossa frente. Ou seja: até chegarmos a uma classificação razoável, ainda há um longo caminho pela frente, ainda que sejamos a sétima maior economia do planeta. Ou seja: temos dinheiro, mas não temos um bom governo.

O pesquisador mexicano Alexandro Salas, presidente da Transparência Internacional, endossou essa última frase com um adendo, o da “sensação da prática da corrupção muito extensa” o que, trocando em miúdos, seria a impressão de que ela está em toda a parte.

Pensando bem, talvez esta impressão não esteja tão errada. Afinal de contas, infelizmente é comum ver o famoso “jeitinho brasileiro” em cena no papel daquela pessoa que dá o “cafezinho” (que nunca é menor do que R$ 50) para um guarda fazer vistas grossas para uma infração de trânsito. Ou ainda dar “uma forcinha” para que o fiscal acelere a liberação daquele alvará, pagar um guardador de carro na rua, um valor maior do que o normal para conseguir um produto disputado. Ou, sem envolver dinheiro, conversar com aquele amigo que está em um cargo alto de uma empresa para conseguir alguma vantagem, comprar produto sem nota fiscal ou ainda oferecer descontos impossíveis para tirar o cliente do concorrente também entra neste balaio. Isso para não falar da venda de cestas básicas, vale-transporte ou vale-refeição, ato que, além de ser passível de demissão por justa causa, também é uma forma de corrupção. E o mais engraçado é ver que boa parte das pessoas nem percebe isso…

Há uma velha mania brasileira de tentar atuar no limite da lei, para tentar conseguir alguma vantagem que outros não têm ou por não contarem com “amigos poderosos” ou simplesmente por respeitarem as regras que, afinal de contas, foram criadas para dar condições iguais a todos. Por isso tudo, não é exagero dizer que a maior das corrupções é a do dia a dia, aquela que é feita aos olhos de todos que, por desconhecimento, conivência ou conveniência, fingem que não veem.

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