De Eldorado a berço de micos, esse é o ABC

Um dos grandes mistérios recentes é a respeito do mercado imobiliário do Grande ABC que, nos últimos anos, viu seus preços inflacionarem a patamares estratosféricos, com valores que beiram o absurdo em alguns locais, Ribeirão Pires incluso.

No último domingo, o Estado de S. Paulo dedicou uma página inteira de seu caderno de Imóveis ao “encalhe” de imóveis de três dormitórios na região, citando nominalmente São Caetano e São Bernardo. Mas, não só nestas cidades, mas em toda a região, foi levantado um dado alarmante: o de que apenas 33% das 2.255 unidades ofertadas no primeiro semestre em todo o foram comercializadas, o que configura um “mico” histórico.

Há vários motivos para este encalhe, que vão desde os mais óbvios, o de que as famílias estão endividadas até os mais detalhados, os de que eles custam caro. Debulhando este último motivo, chegamos a conclusão de que vivemos uma grande bolha imobiliária por conta de grandes construtoras que vieram para a região em busca do “Eldorado do Consumo” e aqui encontraram gestões provincianas com uma classe emergente ainda dependente do crédito bancário, conclusão essa obtida a muito custo. Literalmente.

Com apartamentos de 100 m² custando mais de meio milhão de reais, houve uma supervalorização de outros imóveis, como por exemplo as casas. Aqui em Ribeirão Pires, por exemplo, impulsionados por esse fator e pela lei dos mananciais que restringiu sobremaneira o surgimento de novas edificações, imóveis que outrora custariam R$ 200 mil tiveram valorização de até 200% em alguns casos. Como resultado, os compradores sumiram, o crédito bancário parou e os corretores tiveram que implorar aos proprietários para uma adequação de preços. A diferença é que, justamente por causa da lei, a tendência na cidade é de que os imóveis não abaixem tão cedo de preço. Pelo contrário, podem até mesmo se valorizar.

A médio e longo prazo, o mercado terá que se adequar aos preços. É importante lembrar que os bancos também não estão mais tão “caridosos” como outrora e conseguir um financiamento, que já não é das tarefas mais simples, passou a ser ainda mais complicado. A esperança, para quem busca o sonho da casa própria (mesmo em Ribeirão Pires) está justamente nos micos supracitados. Quanto mais tempo permanecerem fechados, pior para os investidores e as construtoras que, para evitar prejuízos, podem iniciar uma espécie de “operação desova” que pode apresentar boas chances para os eventuais compradores. Quem viver, verá.

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