Cuidado com seu Facebook

A partir da próxima terça, dia 16 de agosto, começa oficialmente o período de campanha eleitoral que, neste ano, será de apenas 45 dias, ou seja, metade do prazo vigente na última eleição. Isso, aliado a limitação do financiamento de campanha, faz com que os candidatos busquem meios alternativos (e menos custosos) para atingir seus eleitores, como o Facebook.

Entretanto, essa rede social que hoje é parte da vida de quase todos tem uma série de armadilhas que a fazem propícia para a divulgação de fatos mentirosos que, em um prazo tão exíguo, podem resultar em uma sensível diferença em um processo eleitoral tão rápido e acirrado como o que se desenha.

Se antigamente, um boato levava dias (ou semanas) para se propagar, agora ele toma forma de um explosivo rastilho de pólvora, que pode incinerar imagens em segundos. O poder do “curtir e compartilhar” tem potencial devastador, uma vez que qualquer pessoa pode criar um site de “notícias” e publicar o que bem entender sem a reponsabilidade de citar fontes ou fazer um trabalho de apuração – a principal base do jornalismo. É a digitalização da rádio peão. A institucionalização do dizem por aí, do ouvi dizer. Isso sem falar da possibilidade de se editar os títulos das matérias, fazendo com que se compartilhem manchetes manipuladas que (se) clicadas, apresentam informação completamente fora da realidade.

Além da total falta de escrúpulos, isso se reverte em um enorme problema para aqueles que vivem da informação. Ora, como desmentir uma informação cuidadosamente “apurada” pelo “conceituadíssimo” Brasil.info que acaba de divulgar em primeira mão a “notícia” que se deseja compartilhar, relatando fatos que as pessoas desejariam que acontecessem para ganhar aquela discussão de bar? Explicar que aquele conteúdo pode ter sido produzido por um software redator de notícias de forma especial para um site que tem como objetivo único arrecadar dinheiro por meio de anúncios exibidos após o clique pode até ajudar na argumentação mas, até lá, o conteúdo já foi curtido e compartilhado inúmeras vezes fazendo com que o boato mentiroso “vire” verdade absoluta e irrefutável enquanto mal-intencionados (para dizer o mínimo) disfarçados de “fakes” (identidades falsas) gargalham por trás da suposta imunidade provida por meio dos teclados.

Voltando ao período eleitoral, estamos em uma situação tão delicada que uma falácia infundada e compartilhada pode, de fato, mudar o resultado final. E, se considerarmos a quantidade de boatos que circularam na popular rede social nos últimos dias (o último deles atingindo ao candidato Kiko Teixeira), podemos esperar por muito mais quando o jogo estiver, de fato, em andamento. Basta ver o que está acontecendo nos Jogos Olímpicos, com internautas achincalhando atletas pelo simples motivo de não vencer a competição de mais alto nível do mundo esportivo, como no caso da nadadora Joanna Maranhão.

Por isso, muita cautela com o que você compartilha. Leia a informação, interprete, veja se as fontes são fiáveis antes de compartilhá-la com seus amigos, parentes e conhecidos. Não seja um agente direto de um futuro negro para a cidade. Você pode se arrepender no futuro.

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