“Fazer o bem, sem olhar a quem”. Esse é o ditado que acompanha o dia-a-dia de Terezinha Jesus de Matos Silva, 58 anos, presidente do Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS) de Ribeirão Pires. Há pouco mais de um ano no cargo (completará dois anos de gestão em dezembro, tempo de duração do mandato, podendo ser prorrogado por mais dois), Terezinha tem como função orientar, acompanhar e fiscalizar 14 entidades cadastradas na cidade, voltadas ao atendimento de crianças, adolescentes, idosos e pessoas em situação de rua; aproximadamente mil pessoas atendidas.
Terezinha completará dois anos na presidência do Conselho Municipal de Assistência Social em dezembro
Terezinha nasceu em Nova Granada, interior de São Paulo e há 32 anos mudou-se para a capital, morando atualmente em Mauá. Por trinta anos atuou como diretora em escolas particulares, até que uma visita à uma unidade escolar da qual trabalhava, foi o primeiro passo a lhe guiar para a área social. “Eu trabalhava como professora de magistério e a dona Alaíde, da Organização Lar Espírita Bezerra de Menezes (LEBEM), foi até a escola procurar estagiárias de magistério para atuar na organização. Eu havia chegado há pouco tempo do interior e me ofereci ao posto, mas ela disse que não poderia pagar o salário que, pelo meu conhecimento, teria de direito. Falei que não tinha importância, pois seria uma oportunidade nova, eu não tinha conhecimento do terceiro setor. Trabalhei lá (LEBEM) por dois anos, depois me afastei por 18 e voltei novamente como voluntária. Me apaixonei pela área social, porque a escola é muito fechada e o terceiro setor dá uma abertura em todos os pontos. Na área social, você tem contatos em todas as áreas: na Educação, no Esporte, Cultura, Saúde…. Você cresce muito, não só como pessoa, mas também como profissional”.
Unida ao secretário municipal de Promoção Social, Eduardo Nogueira e à presidente do Fundo de Solidariedade, a primeira-dama Ligia Volpi, Terezinha vem atuando para informatizar toda rede social do município, com o objetivo de organizar as pessoas que já são atendidas e fazer com que muitas outras recebam atendimento. Além disso, Terezinha faz esforços também para ajudar entidades que, por algum problema ainda não estão cadastradas no Conselho, possam resolver suas situações e fazer parte do órgão. “A intenção é chamá-las ao Conselho para ajudá-las. Fazemos capacitação de conselheiros, trouxemos uma profissional para capacitação na elaboração de projetos, capacitação de prestação de contas, porque, apesar de fazerem um trabalho muito bem feito, as entidades têm dificuldade nesses pontos. Estando cadastradas, elas vão receber mais recursos, não só do município, mas estadual, federal e de empresas”, explica ela, contando que a cidade possui 12 instituições sociais não cadastradas.
Como já dizia outro ditado – “a união faz a força”, a presidente deseja ainda que todos os conselhos se articulem para que, juntos, possam fazer um trabalho de alcance muito maior. “Precisa melhorar a articulação dos conselhos para que eles trabalhem de uma forma multidisciplinar, integrados, para o bem social do município. É um trabalho à longo prazo porque, além de fazer com que os conselhos sejam atuantes, tem que fazer com que sejam atuantes de uma forma unificada, para o bem do município e não da organização ou do conselho em si”.
A área social de Ribeirão Pires vem contando com importantes ações. A principal delas é a campanha “Doe sua Nota Fiscal Paulista para as entidades”, a qual o valor das notas recolhidas é somado ao final de cada mês e o total do benefício é dividido entre as 14 entidades sociais cadastradas na Prefeitura. “Todas as entidades têm sido contempladas, tem ajudado muito. O município saiu na frente no Estado todo com essa campanha. É um marco excelente na assistência”, fala Terezinha.
E recentemente, mais uma contribuição valorosa às entidades: quem quiser assistir aos grandes shows do 7º Festival do Chocolate, que começará no dia 29 de julho, deverá trocar o ingresso por um quilo de alimento (arroz, feijão, óleo e açúcar) em uma das entidades que possuem cadastro no Conselho. “Achei uma iniciativa sensacional. Além de divulgar os seus trabalhos na comunidade, as entidades vão arrecadar alimentos e todos os bairros serão contemplados, porque nós temos entidades em todos os locais. E o município em si tem um resultado muito positivo com relação ao trabalho que, muitas vezes, não é divulgado”.
A área social, na maioria das vezes, é lembrada por dar comida à quem tem fome, água à quem tem sede e abrigo à quem tem frio. Mas Terezinha ressalta que ela vai muito além. “A área social é muito mais do que uma cesta básica. Eu percebo hoje muita carência afetiva e do papel da família. Acho que a prevenção, em todas as assistências, é a família. O município faz um trabalho: assiste, ampara, encaminha, trata, mas quando a pessoa volta para a sua família, se ela não estiver bem estruturada, todo o trabalho é jogado fora. A família é a base de toda a formação”. Por isso, ela foca o seu trabalho no âmbito familiar. “Todas as entidades devem trabalhar a família, inseri-las em todos os acessos da assistência. Elas já fazem isso, mas percebo que falta um pouco”.
Do trabalho na escola particular à vulnerabilidade social, uma mudança como da água para o vinho. Mas esse choque de realidades só veio a enriquecer Terezinha. “Por ter trabalhado a vida inteira em uma escola privada, tive contato com pessoas de classe média e média-alta e na área social percebi o quanto tem pessoas que precisam de ajuda em todos os sentidos: instrução, carência afetiva, emocional, estrutura familiar. Vejo necessidades que a gente, às vezes, não dá importância. É um crescimento muito intenso, espiritual, emocional e profissional, porque você conhece de tudo um pouco. Em todos os aspectos eu cresci muito. Fiquei mais pacienciosa, mais cautelosa, porque a gente julga muito sem conhecer o outro lado da situação. Você precisa conhecer de perto, fazer sua parte como cidadã. É o que falta na humanidade”.
