Apelar-O Vale Tudo da disputa política

Pela primeira vez neste jornal, peço licença da minha neutralidade jornalística e me coloco como pessoa, mulher, filha, eleitora e moradora de Ribeirão Pires. Eu, recém chegada a redação do “Mais Notícias”, não pensava em escrever um artigo. Acontece, que um dos episódios da última semana me incomodou tanto, que se me calasse, sentiria que de alguma maneira estaria sendo conivente com a postura antiética de outro jornal.

Vou iniciar com uma citação de Paulo Freire. “A pessoa conscientizada tem uma compreensão diferente da história e de seu papel nela. Recusa acomodar-se, mobiliza-se, organiza-se para mudar o mundo”. Hoje, com este artigo, eu espero mudar alguma coisa. Talvez não o mundo (seria muita pretensão para uma jovem jornalista), mas me mobilizo para mudar a visão do leitor, que assim como eu, também vota, também pensa e tem uma família.

Um outro jornal da cidade, que é totalmente parcial e defende o prisma de um único candidato, noticiou uma manchete que expunha o filho da vice de uma chapa adversária.

A notícia, colocada em capa, nada mais era do que uma tentativa de desmerecer a concorrência de maneira desleal.

Sabe o que eu, na figura de mulher, senti? Não senti desprezo pela candidata que tem problemas familiares, mas sim fiquei horrorizada por ver até onde um candidato pode chegar para ganhar uma cadeira de prefeito. Saber que uma pessoa tem problemas na família, não a torna menos capaz que ninguém, pelo contrário, a humaniza. Quem não tem problemas em casa que atire a primeira pedra. Nenhuma mãe gosta de ver o filho sofrer. Agora imagine uma mãe, ver a vida do filho exposta por conta da briga política.

Quero reforçar que não sou amiga da candidata em questão, a vi uma única vez na vida e só disse oi. Este texto não é partidário, mas uma repudia para quem usa todos os artifícios para chegar ao poder.

Envolver membros da família em uma discussão é apelar. Normalmente está relacionado a uma situação limite. Quando o indivíduo não vê saída, não encontra argumentos para se defender, nem para atacar o adversário, então, em uma atitude irracional, envolve terceiros.

Voltando a minha ideia de querer mudar um pouco a realidade. Uma pessoa que acha justo falar dos sérios problemas familiares da outra para ganhar vantagem, merece respeito? Merece voto?

Tem a frase que diz: “Quer conhecer uma pessoa, dê poder para ela”. Quer saber? Eu já conheci um pouco e não gostei. Para que me arriscar e dar o poder? Alguém que desrespeita a instituição familiar, a figura de mãe, mulher e o jogo limpo, precisa rever seus conceitos. Lembrar que um dia, uma mulher também o colocou no mundo e provavelmente repudiaria esta atitude desleal.

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