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O título deste editorial pode parecer pretensioso demais para com os nossos leitores. Mas não é tanto assim. Muito se questiona sobre a tal da subjetividade e imparcialidade que o Jornalismo deve buscar. Claro, por ética, é necessário ouvir sempre os dois lados de uma mesma história, e o Mais Notícias segue este e outros princípios tão importantes quanto o arroz com feijão de cada dia. E nestes questionamentos, por vezes rasa, sem nenhuma profundidade empírica e acadêmica, apontam o dedo ao nosso jornal afirmando que nós temos “uma postura favorável ao Governo Saulo”, como anuncia o Gazeta, no andar de baixo a este editorial sobre estas denúncias. Então, após intensa reunião editorial, decidimos fazer aqui uma pequena aula de Jornalismo aos nossos leitores e críticos.

Um texto jornalístico pode ser interpretado como uma casa em que o leitor está dentro. Nesta casa, existem janelas apenas para o quintal. Quando o leitor olha pela janela, enxerga só o jardim dos fundos e não o resto da paisagem que está ao redor da casa. Ou seja, quando o receptor do texto jornalístico lê uma notícia, ele tende muitas vezes, a interpretar apenas aquilo que está à frente de seus olhos. Por este motivo é importante que o jornalista busque diversas fontes, já que existem em um mesmo fato diferentes verdades. Entretanto, nem sempre é possível seguir esta utopia, e cada veículo, ou seja, cada jornal arquiteta seu enquadramento – para que lado sua janela estará direcionada em toda a paisagem. E como o leitor consegue saber para que lado estão as janelas de um periódico?

Já se perguntou, caro leitor, os motivos dos quais O Estado de S. Paulo é considerado um jornal neoliberal, enquanto a Folha de S. Paulo é considerada liberal? Por conta do que está escrito nas páginas 2 e 3 destes periódicos. É neste texto que cada jornal posiciona a sua opinião – a baliza que cada repórter deverá seguir ao apurar cada reportagem antes de ser publicada. O Mais Notícias não é diferente. Por isso é tão importante ler o editorial de um jornal, quanto seus artigos e subsequente as reportagens.

É neste espaço, que publicamos nossa baliza de forma independente. Baseado naquilo que a alma do Mais Notícias acredita. Sem deixar de ouvir opiniões contrárias. É assim que funciona a estrutura de imprensa no Brasil. É preciso separar a empresa jornalística e sua posição ideológica, do profissional humano jornalístico que segue a bíblia editorial do veículo que trabalha. É a partir deste ponto que é possível separar o joio do trigo dentro da arte de fazer Jornalismo.

Boa leitura.

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