A volta dos que não foram

Por Gazeta

É lamentável que a eterna luta a favor da liberdade de imprensa e do livre pensamento, que custou (e vem custando) vidas e sacrifícios, depois de vencida, seja tão mal utilizada. Vivemos em um país onde há o gozo da absoluta liberdade de imprensa, tendo sido abolido, inclusive, o tal “Direito de Resposta”, último entrave à total liberdade de expressão. Lamentável, porém, é o mau uso desta liberdade.

No afã de dar um furo*, muitos órgãos de imprensa acabam dando uma barriga**, publicando notícias sem confirmação e obrigando-se, posteriormente, a corrigir o erro ou torcer o fato com outra manchete tão longe da verdade dos fatos quanto a anteriormente publicada.

Alguém poderia questionar quais credenciais eu possuo para criticar jornais (e jornalistas) concorrentes, já que nem jornalista sou. Explico: dez anos a frente do Mais Notícias e outros dois à frente de Mais Conteúdo, convivendo com profissionais competentes e acima de tudo éticos, me deram bagagem suficiente para analisar e criticar o que achar que devo.

Vou me ater ao caso do secretário Koiti Takaki. Ele deixou a Secretaria de Governo que acumulava junto com a da Saúde na última quinta-feira, tendo posteriormente entregue ao Departamento Pessoal da Prefeitura um pedido de exoneração também da pasta da Saúde. Jornais locais e regionais logo cravaram a saída de Koiti. Ocorre que, ao tomar conhecimento do pedido, o prefeito Saulo Benevides o chamou para uma conversa e ele permaneceu no cargo. Ou seja: ele nunca saiu, até mesmo porque não teve seu desligamento homologado.

Posteriormente, os mesmos jornais anunciaram em manchete a “volta” do secretário. Agora eu pergunto: como voltar se ele nem foi? Trocando em miúdos, a missão de só publicar fatos comprovados e irrefutáveis é obrigação primária dos órgãos de imprensa. Especulação não combina com imprensa séria e comprometida com a veracidade dos fatos.

*Furo, segundo o Dicionário de Comunicação de Carlos Alberto Rabaça e Gustavo Barbosa, é a “notícia importante publicada em primeira mão por um jornal ou por qualquer outro meio de comunicação de massa”.

** Barriga, segundo o mesmo dicionário, é uma “Notícia inverídica publicada por órgão de imprensa, geralmente com grande alarde e sem má-fé, na tentativa de furar os concorrentes. Resulta de informação sem fundamento, inidônea, e posteriormente desmentida pelos fatos, causando grande desgaste e descrédito à publicação”.

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