A inundação no Centro teria relação com a remoção da cobertura da Rodoviária?

Há cerca de duas semanas, o Centro de Ribeirão Pires foi alvo de uma grande enchente, como há muito não se via, tomando toda a região e causando cerca de R$ 100 mil em prejuízos para comerciantes e munícipes.

Naquele dia, houve um volume de chuva fora do comum, chegando até mesmo a ser falado por alguns órgãos que seria o equivalente ao previsto para 13 dias. Entretanto, o destino daquelas águas, aliado ao “ineditismo” do local da inundação levantou uma questão: teria algo a ver com a retirada da cobertura da antiga Rodoviária?

A questão é pertinente, já que ali havia uma grande capacidade de captação de águas que não teria sido compensada, já que a rede de águas pluviais não sofreu qualquer intervenção. A reportagem do Jornal Mais Notícias analisou o local e, de fato, constatou que a cobertura desaguava em 16 tubos de 6 polegadas que eram ligados diretamente às galerias de águas.

A ausência da captação, aliada a uma queda de aproximadamente 15° rumo as ruas Euclides da Cunha e Afrânio Peixoto seria, portanto, a soma perfeita para o represamento da água. Questionamos um engenheiro, Nelson Minoru Tanaka, Inspetor do CREA-SP e um dos responsáveis pela construção do antigo terminal rodoviário sobre o assunto. Ele afirmou que “é possível”, mas que isso demandaria uma série de estudos, como, por exemplo, “o mapeamento da contribuição das águas para o Centro”, algo que foi feito na cidade há mais de uma década, na gestão da ex-prefeita Maria Inês, considerando ainda os córregos que passam por lá – e foram canalizados.

“Foi uma obra inédita e ousada para a época (1985) e que, mais tarde foi reformulada”, relembra Tanaka, ressaltando que o projeto levou em conta as eventuais chuvas. Uma curiosidade: “a estrutura espacial, feita em alumínio, custaria hoje, mais de sete milhões de reais”. Ela foi retirada recentemente e não poderá ser reutilizada.

Voltando ao nosso tema, questionamos a Prefeitura sobre o assunto, que descartou, em nota, a relação entre a ausência da estrutura: “Não há relação entre a retirada da cobertura da antiga rodoviária com a ocorrência de inundação”, ressaltando que “O índice pluviométrico de janeiro foi maior do que o estimado pela Defesa Civil do município”.

Quanto a reclamações de que os bueiros da região central estariam entupidos, a resposta foi a de que “a manutenção dos bueiros é feita de acordo com cronograma da Secretaria

de Infraestrutura Urbana e para atender as demandas da população”, mesma resposta dada ao questionamento sobre eventuais planos para uma revisão das galerias, que abrangeria eventuais ampliações.

Culpa ou não de São Pedro, é evidente que tal fato demanda uma ampla discussão com todos os setores da sociedade. Vale lembrar que os níveis pluviométricos aumentam a cada ano e que, logo menos, essa chuva “anormal” pode se tornar corriqueira.

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