A importância do jornalista para um jornal

Você aceitaria um cheque sem assinatura ou sem os dados do emissor? Obviamente não, ninguém em sã consciência faria isso, sob pena de prejuízo econômico de relativa monta.

Esse questionamento é válido por conta de um fato que está ocorrendo na cidade, a circulação do jornal Ponto Alto. Monotemático, tem como foco divulgar “matérias” (ou melhor, ataques) direcionados ao atual e ao ex-prefeito da cidade de Rio Grande da Serra, sendo inclusive alvo de inquérito policial por conta disso.

Mas, algo que foi notado na ocasião da apreensão e que persiste na publicação é o fato de que é uma espécie de cheque em branco e, diferente de jornais como este Mais Notícias, a Folha de Ribeirão Pires ou o Diário de Ribeirão Pires, não se sabe quem são as pessoas que apuram os fatos – ou se elas existem. Não há um jornalista que ateste ou faça o trabalho de apuração que, verdade seja dita, é a parte mais cansativa, porém mais séria do jornalismo.

Essa reflexão cabe porque muitos se espantaram quando, recentemente, a Agência EFE, uma das mais conceituadas do mundo, veiculou a notícia de que há robôs trabalhando em redações. Melhor dizendo, há softwares elaborados que já produzem conteúdo sem interação humana em matérias que não necessitem de apuração ou análise, como cotações financeiras ou resultados de jogos e loterias, produzindo textos com começo, meio e fim e já em uso em locais de renome, como a Associated Press, o jornal Le Monde, da França, e até mesmo a revista Forbes.

Essa reflexão é importante para avaliar o real sentido de ter um jornalista que atue na publicação. A falta dele, um responsável por apurar, analisar e transmitir fatos, faz com que as publicações se transformem em tabloides publicitários. E em publicidade, venhamos e convenhamos, os textos são feitos para vender produtos, não necessariamente transmitir informações.

Por isso, caro leitor, esteja muito atento, neste período pré-eleitoral, a profusão de informativos (não usaremos a palavra jornais) que irão pipocar por aí. Muitos deles terão as torneiras financeiras devidamente fechadas a partir do dia 3 de outubro voltando para o limbo entre eleições…

Para finalizar, deixamos para reflexão a fala da professora Ana Cecília Bisso Nunes, em entrevista ao Comunique-se, maior comunidade de jornalistas do Brasil: “Os robôs podem contribuir na resposta dos ‘quês’, mas só os jornalistas poderão responder os ‘porquês’, que são o motivo pelos quais as pessoas valorizam a leitura de um jornal e pagam pelo periódico”.

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